Imigrantes morrem em basements inundados em NY

A maioria das pessoas mortas na cidade de New York em uma tempestade recorde nesta semana morava em apartamentos no subsolo, chamados de basement. As águas inundaram a parte de fora, prendendo-os dentro e bloqueando o caminho para as equipes de resgate.

Pelo menos 11 pessoas que moravam nesses apartamentos morreram durante a enchente, incluindo um menino de dois anos que morreu com os pais.

Por décadas, os defensores da habitação a preços acessíveis têm feito campanha para melhorar a segurança dos apartamentos em basement, que muitas vezes são ilegais, mas podem ser vitais para nova-iorquinos de baixa renda que procuram por moradias a preços baixos.

Annetta Seecharran, diretora executiva da Chhaya, uma organização sem fins lucrativos que fundou a campanha “Basement Apartments Safe for Everyone (Base)”, em 2008, disse que a cidade deveria ter um plano para induzir os proprietários a alinhar essas casas com os códigos de construção. “Com as mudanças climáticas, veremos esses tipos de inundações e tempestades com mais frequência”, disse ela. “Então, vamos esperar que outro desastre atue para fazer algo?”, indagou.

Não há nenhuma contagem oficial de apartamentos em basements em New York, mas o prefeito, Bill de Blasio, disse que a cidade estima que há 50.000 ou, “possivelmente”, mais. Em 2009, de acordo com um estudo do Pratt Center for Community Development e Chhaya, havia cerca de 114.000 unidades de apartamentos no subsolo.

Tal como aconteceu com a pandemia da Covid-19, de acrdo com Seecharran, as pessoas em maior risco durante a tempestade eram imigrantes, pessoas de baixa renda e pessoas de cor que constituem a maioria dos residentes em apartamentos no subsolo. “Mesmo que seu porão não tenha sido afetado, você está com medo, perguntando-se será o próximo”, disse Seecharran.

A maioria das mortes ocorreu em Queens, uma região com uma grande comunidade de imigrantes.

Um menino de dois anos a quem as pessoas chamavam de Ang e sua mãe, Mingma Sherpa, e seu pai, Lobsang Lama, foram encontrados mortos no basement que moravam. Yue Lian Chen, 86, morreu em seu apartamento, também no subsolo. Darlene Hsu, 48, foi encontrada inconsciente em um apartamento no basement do Queens e declarada morta depois de chegar ao hospital.

Mãe e filho, Phamatee Ramskriet, 43, e Khrishah Ramskriet, 22, foram encontrados inconscientes, por mergulhadores, em outro prédio em Queens, onde uma parede desabou, enchendo o porão com água. O filho morreu no local e a mãe foi declarada morta depois de chegar ao hospital.

Os mergulhadores conseguiram salvar o filho da proprietária do prédio, Ragenbra Shivprafab, que tentou resgatar a família. “Esses policiais estavam dando suas vidas para resgatá-los”, disse Shivprafab ao New York Daily News. “Meu filho lutava para descer. Ele já estava dentro, tentando salvar a família, e os policiais o puxaram para fora. Ele teria morrido também”, afirmou.

Três vítimas não identificadas, duas mulheres e um homem, foram encontradas, também, em um basement no Queens. Todos foram declarados mortos no local.

No Brooklyn, Roberto Bravo, 66, foi encontrado morto pela polícia. Pablo Bravo disse que seu irmão sobreviveu à internação por Covid-19 durante semanas no ano passado e estava morando temporariamente no prédio de sua propriedade. “Somos a história de estrangeiros, imigrantes, que vêm aqui para fazer isso, viver uma vida decente”, disse ele. Ele acrescentou que os imigrantes “vem aos Estados Unidos não apenas para crescer, mas também para contribuir e fazer o país crescer”.

Em uma coletiva de imprensa na sexta-feira, dia 03, o prefeito De Blasio apresentou os planos para lidar com os riscos em habitações subterrâneas, incluindo pedidos de avisos de evacuação de porta em porta e melhorando o sistema de alerta móvel da cidade.

O prefeito reconheceu que os esforços para ajudar as pessoas que vivem em basement podem ser mais difíceis devido as barreiras linguísticas e medo que as pessoas têm do governo, especialmente para imigrantes indocumentados. “A cidade planeja trabalhar com grupos comunitários que possam atuar como mensageiros de confiança em todos os idiomas apropriados”, disse o prefeito.

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Fonte: Texto: Lucci Luciano|Com informações da Associated Press