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Publicado em 7/10/2022 as 10:00am

Mineiro revela detalhes do voo com brasileiros deportados que quase caiu no mar: “passamos dias algemados”

A viagem durou cerca de quatro horas. Depois eles entraram em outra van e seguiram viagem com duração de seis horas e mais brasileiros foram colocados no veículo

Mineiro revela detalhes do voo com brasileiros deportados que quase caiu no mar: “passamos dias algemados” Rafael ficou vários dias algemados

 

No dia 15 de setembro o governo dos Estados Unidos estava com um voo fretado para o Brasil com brasileiros deportados. A viagem que parecia ser tranquila, se tornou um pesadelo na vida e todos os que estavam a bordo da aeronave que apresentou problemas e parecia que cairia no mar. Foram momentos de muito medo.

A redação do Brazilian Times conversou com um dos passageiros, que contou com detalhes tudo o que aconteceu, desde o momento em que ele foi retirado do Cibola County Correctional Center, no Novo México, para ser colocado no avião que o traria ao Brasil.

Rafael Gonçalves, natural de Governador Valadares (Minas Gerais) disse que foi retirado do centro de madrugada e foi levado, algemado, para outra instalação onde foram pegos mais brasileiros. A viagem durou cerca de quatro horas. Depois eles entraram em outra van e seguiram viagem com duração de seis horas e mais brasileiros foram colocados no veículo, de acordo com ele.

Neste momento já havia cerca de 25 brasileiros na van, todos algemados. Eles foram levados para o centro de detenção em Florence, no Arizona. “Quando chegou o momento da deportação eles nos levaram para o Aeroporto Internacional de Phoenix Sky Harbor e lá já havia mais quatro brasileiros esperando. Dentro do avião também tinha brasileiros que vieram de Louisiana”, explicou.

Rafael conta que até então estava tudo tranquilo e que, devido ao tempo que estavam detidos, a vontade maior era retornar o mais rápido ao Brasil. O avião decolou e pouco tempo depois fez uma parada em Porto Rico para reabastecer. “Logo depois ele decolou novamente, mas quando estava no meio do mar, começou a apresentar alguns problemas e percebemos que a aeronave começou a voar muito baixo e ficar dando voltas”, continuou.

Os passageiros comeram a ficar preocupados, pois além de estarem algemados, não sabiam o que estava acontecendo. “Alguns sabiam falar inglês e perguntaram à tripulação e o agente da imigração, mas ninguém respondia. Somente depois que ficamos sabendo que o avião estava com problemas e o piloto precisava dar as voltas para queimar gasolina e voltar ao aeroporto em Porto Rico”, conta.

Após o avião retornar, os brasileiros ficaram por várias horas e o calor fez com que alguns passassem mal e outros desmaiassem. Rafael disse que pediram para sair um pouco da aeronave para respirar, mas não foram atendidos. “Algum tempo depois é que fomos retirados, mas somente porque as autoridades de Porto Rico alegaram que não se sentiam seguros com a nossa presença dentro do avião”, disse.

O grupo saiu e foi levado para um galpão onde também não havia refrigeração. Mas o trajeto da aeronave até o local foi humilhante, pois os brasileiros tiveram que caminhar, algemados, por cinco minutos em meio ao público que estava no aeroporto. “Gradativamente fomos informados de que o avião tinha apresentados problemas durante o voo”, explicou.

Rafael disse que o grupo ficou no galpão por cerca de seis horas e mais pessoas desmaiaram devido ao calor e ansiedade. De acordo com ele, havia um médico no local, mas não fazia nada e ficava apenas olhando.

Depois de quase seis horas, o oficial de imigração disse que o grupo não iria mais para o Brasil e que todos voltariam para Miami, na Flórida, onde aguardariam um novo voo. “Muitos se recusaram a entrar no mesmo avião que tinha dado problemas, mas um agente disse que usaria de força bruta se nos recusássemos a embarcar”, conta Rafael que já estava algemado por dois dias.

Os brasileiros chegaram à Miami e foram levados para uma prisão federal onde havia muitos criminosos. O grupo ficou em uma sala, sem colchão, sem coberta e se alimentaram apenas com pão, salame e um saco de batata. “Muitos não conseguiram dormir porque o chão era muito gelado e tinha uma televisão com um volume muito alto que os guardas se recusavam a desligar”, disse.

No dia seguinte eles foram levados para o Arizona, no centro de detenção em Florence, onde ficaram mais um tempo.

Rafael conta que o avião foi trocado, bem como a tripulação e piloto. Apenas o oficial de imigração era o mesmo. “Graças a Deus no dia 22 embarcamos para o Brasil e desta vez tudo correu bem”, fala ressaltando que uma grande maioria ainda teve que enfrentar problemas ao chegar. “Os oficiais não sabiam onde estavam as bagagens deles e sem dinheiro e telefone para se comunicar com a família, não sabiam o que fazer. Graças a Deus todos se ajudaram, inclusive emprestando dinheiro”, disse. “Para mim a realização do sonho americano foi chegar em casa e rever meus parentes”, finalizou.

 

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