Novo projeto de lei permite que beneficiários do DACA se tornem policiais em Illinois

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Um projeto de lei destinado a abrir caminho para que os destinatários de um programa federal de imigração se tornem policiais - e ao mesmo tempo ajudar os departamentos que dizem estar lutando para recrutar mais pessoal - está avançando com apoio bipartidário no Legislativo de Illinois. Mas isso só ocorrerá somente depois de ser alterado para deixar claro que as contratações em potencial precisam obter aprovação federal para porte de arma.

A lei federal geralmente proíbe que não cidadãos carreguem armas, a menos que seja para “uso oficial”, o que significa que policiais que não são cidadãos dos Estados Unidos não teriam permissão para portar armas fora do serviço, de acordo com um porta-voz do Departamento de Álcool, Tabaco e Armas de Fogo e Explosivos.

Isso representa um problema até mesmo para um co-patrocinador do projeto de lei, que disse que os policiais precisam de armas quando estão de folga para segurança pessoal, bem como para proporcionar maior segurança pública. “Infelizmente, é estritamente simbólico”, disse o deputado estadual John Cabello, um republicano de Machesney Park que é detetive do Departamento de Polícia de Rockford, sobre o projeto. “Não poder fazer nada até que os federais façam algo sobre a lei federal”, continuou.

A patrocinadora democrata da medida na Câmara é a deputada estadual Barbara Hernandez, cujo objetivo é ajudar os beneficiários do programa federal Deferred Action for Childhood Arrivals, ou DACA, a se tornarem policiais, ao mesmo tempo em que dá às agências de aplicação da lei outra opção de recrutamento.

O programa DACA, da era Obama, fornece autorizações temporárias de trabalho e proteção contra deportação para imigrantes indocumentados trazidos ao país sem autorização quando ainda eram crianças. Existem cerca de 30.000 beneficiários vivendo em Illinois, de acordo com os dados mais recentes. Cabello e Hernandez disseram que estão tentando chamar a atenção do Congresso dos EUA para pressionar por uma mudança na lei federal.

“Eu só quero uma portinha (aberta) para um determinado grupo de pessoas poder portar uma arma. Não estou dizendo todas as pessoas indocumentadas. Só estou dizendo que se você se inscrever e for aceito, vamos dar a você a chance de possuir e portar uma arma”, disse Hernandez. “E talvez o que o governo federal possa dizer é que, quando você se aposentar ou ficar desempregado por qualquer motivo, você não terá mais essa capacidade”, seguiu.

A deputada disse que teve a ideia do projeto depois que a Califórnia aprovou uma medida no ano passado que permite que os beneficiários do DACA se tornem policiais. Cerca de meia dúzia de outros estados aprovaram legislação semelhante. Mas seu projeto de lei não obteve o apoio de Cabello até que Hernandez concordou em adicionar linguagem sobre como os aspirantes a policiais do DACA estavam "sujeitos à aprovação federal" em relação ao período que podem portar armas.

A legislação foi aprovada por 101-0 na Câmara de Illinois, em 24 de março, e agora está no Senado, onde já tem dois patrocinadores.

Pelo menos um Departamento de Polícia já iniciou o processo de contratação de beneficiários do DACA, também conhecidos como “Dreamers”. Em janeiro, uma comissão independente que supervisiona o Departamento de Polícia de Blue Island começou a permitir que imigrantes com um Documento de Autorização de Trabalho federal se candidatem para se tornar oficiais.

Até agora, o departamento tem um recruta que é beneficiário do DACA e pelo menos três outros candidatos elegíveis para serem contratados, de acordo com o chefe de polícia de Blue Island, Geoffery Farr.

Ele reconheceu que esses policiais não teriam permissão para levar suas armas para casa e disse que contratar beneficiários do DACA ainda pode ajudar seu departamento porque cerca de metade da população de Blue Island é hispânica e ele não tem muitos funcionários que falam espanhol.

“Às vezes é difícil prestar serviços à comunidade sem poder se comunicar com eles”, disse. “É importante que o Departamento de Polícia reflita a composição da comunidade e que melhor meio temos do que recrutar oficiais hispânicos”, seguiu.

Cabello disse que apoia o projeto porque pode fornecer aos departamentos de polícia opções adicionais de recrutamento. Ela culpou a aprovação da Lei SAFE-T - a lei de justiça criminal abrangente que, entre outras coisas, aumentou a supervisão da polícia - por afastar alguns policiais e possivelmente dissuadir outros de se tornarem policiais em Illinois.

O Departamento de Polícia de Chicago tinha 11.711 policiais em março e no mesmo mês em 2020 era 13.119, quando ocorreu a pandemia de COVID-19. No mês passado, o departamento anunciou que estava lançando um novo esforço para reconquistar policiais aposentados de Chicago e contratar policiais que servem outras agências de aplicação da lei.
A necessidade de mais policiais levou a uma rara demonstração de bipartidarismo em uma questão de segurança pública na Assembleia Geral, que muitas vezes está profundamente dividida nesse tópico.

“Precisamos de muitos bons candidatos para tentar ajudar a preencher a lacuna, porque não tenho certeza se isso vai acontecer”, disse Cabello. "Não seremos o partido do 'não'. Seremos o partido da boa política", continuou.

Hernandez disse que ficou surpresa ao ver o apoio do outro lado do corredor porque algumas pessoas “não entendem o que DACA significa”.

“Eu sei que muitas pessoas rotulam isso como apenas para latinos, mas isso não é apenas para latinos. Isso é para muitos imigrantes diferentes”, disse ela. “Eles estão vindo para cá ilegalmente ou foram trazidos muito cedo e não sabem que são indocumentados. E eles merecem uma oportunidade de se candidatar e se tornar um oficial”, afirmou.

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