Comerciantes e até republicanos sentem prejuízos que lei anti-imigrante causou na Flórida

Da redação

Em um dia quente de verão em Miami (Flórida), a vendedora de produtos do mercado de pulgas Bessy Hernandez luta para aumentar as suas vendas. A imigrante natural de Honduras, de 73 anos, que vende abacates e outras frutas, disse que em épocas anteriores vendia muito mais do que agora.

Uma pesquisa feita com alguns vendedores do conhecido Tropicana Flea Market mostrou que a história mudou e o antigo clima de descontração, músicas e piadas, deu lugar a um “rumo sombrio”.

Os vendedores afirmam que tudo é culpa da lei anti-imigrante aprovada pelos legisladores republicanos e sancionada pelo governador Ron DeSantis.

A lei aumenta as demandas de empregadores e trabalhadores para atender a novos requisitos, incluindo a exigência do envio de informações do empregado para verificar seu status legal.

Ron Desantis, que busca indicação do Partido Republicano para concorrer a Presidente dos Estados Unidos, agora enfrenta alguns relatos de um êxodo de latinos do seu estado e empresários e comerciantes alegando que as vendas despencaram.

Especialistas afirmam que apesar dele apresentar motivos para defender a lei, há preocupações de que ela possa desencadear um golpe catastrófico na economia do estado.

Muitos republicanos estão se preparando para esse impacto potencial. Eles temem que a lei vá longe demais e dizem que isso pode prejudicar DeSantis e outros candidatos do Partido Republicano no ciclo eleitoral de 2024.

Hernandez, que administra sua barraca de produtos há 27 anos, disse que, à medida que os latinos deixam o estado devido à lei, ela está perdendo sua base de clientes formada por “humildes trabalhadores” como ela. "Nenhum milionário vai a um mercado de pulgas", disse.

De acordo com as informações, suas vendas caíram 40% em um período de dois meses, começando pouco antes de a lei entrar em vigor, em 1º de julho.

Ela afirmou que conhece 30 residentes da Flórida que se mudaram para outros estados, incluindo as Carolinas, Connecticut e New York.

Este tipo de história se tornou muito comum e pode prejudicar muito o estado tem uma uma economia que depende muito de trabalhadores imigrantes para suas indústrias de turismo, agricultura e construção.

"Até mesmo alguns empresários republicanos estão preocupados e reclamando dessa lei porque a consideram desnecessária e perturbadora", disse o ex-deputado republicano da Flórida, Carlos Curbelo.

Ele e outros republicanos argumentam que a lei pode prejudicar a campanha de DeSantis e derrubar os republicanos que estariam ligados a ele, já que o impacto da lei continua.

No mês passado, o Southern Poverty Law Center, a American Civil Liberties Union e outros grupos de direitos civis processaram o estado por causa dos novos requisitos rigorosos.

A lei, conhecida como Projeto de Lei do Senado da Flórida 1718, exige especificamente que os empregadores enviem as informações dos trabalhadores por meio de um sistema E-Verify para verificar o status de seus funcionários. Também aumenta as penalidades criminais para os trabalhadores que violarem a nova lei.

(Com informações da NPR)