Publicado em 29/11/2023 as 2:00pm
CRISE HUMANITÁRIA: Imigrantes enfrentam condições precárias enquanto aguardam processamento
Estes OADs tornaram-se abrigos improvisados para aqueles que atravessaram as lacunas no muro em busca de asilo, direcionados para esses locais pelas autoridades da Patrulha de Fronteira dos EUA enquanto aguardam o processamento.
Em uma manhã fria de outono quando um caminhão da U-Haul parou na fronteira entre os Estados Unidos e o México, em Jacumba Hot Springs, Califórnia. O cenário era dezenas de pessoas saindo de tendas improvisadas, ao redor de pequenas fogueiras, ansiosas para receber ajuda. Mais de 200 indivíduos acampavam à sombra do muro da fronteira, em um dos três acampamentos conhecidos como centros de detenção a céu aberto (OADs), localizados no deserto a leste de San Diego.
Estes OADs tornaram-se abrigos improvisados para aqueles que atravessaram as lacunas no muro em busca de asilo, direcionados para esses locais pelas autoridades da Patrulha de Fronteira dos EUA enquanto aguardam o processamento. Entre eles está Yazmín Calderon, uma solicitante de asilo colombiana de 40 anos, que relata ter sido detida pelas autoridades dos EUA há quatro dias. A Patrulha de Fronteira forneceu-lhe uma pulseira, supostamente para auxiliar no processamento dos migrantes por ordem de chegada.
No entanto, Calderon e outros enfrentam incerteza sobre o que acontecerá a seguir, com as autoridades oferecendo poucas respostas. As condições no deserto, especialmente durante as noites frias de novembro, são difíceis de suportar. Calderon destaca a falta de comunicação por parte dos guardas, que, segundo ela, olham para os migrantes com raiva e desgosto. "Estamos à deriva aqui porque você não sabe a quem perguntar", lamenta.
Organizações sem fins lucrativos, como a Border Kindness, têm desempenhado um papel crucial, fornecendo assistência diária aos migrantes. Contudo, a diretora de programas dos EUA da Border Kindness, Jacqueline Arellano, observa que nenhuma agência do governo dos EUA está cuidando dos migrantes em detenção ao ar livre. Os voluntários agora não só entregam suprimentos nos desertos, mas também auxiliam na assistência direta nos OADs em Jacumba Hot Springs.
O trabalho voluntário assume um papel crítico, uma vez que a Patrulha de Fronteira alega que as pessoas nesses locais não estão detidas. Arellano questiona essa afirmação, apontando para a emissão de pulseiras e a necessidade de cooperação com as autoridades como elementos que caracterizam a detenção.
O relato da Tia Bunny, uma voluntária local, adiciona uma dimensão urgente à situação. Liderando a resposta médica nos OADs, ela descreve a situação como caótica, destacando a falta de suprimentos adequados para atender às necessidades dos migrantes. A desidratação, agravada pelo frio noturno, torna-se um desafio significativo, especialmente para aqueles com condições médicas crônicas.
A jornada dos migrantes, já perigosa, torna-se mais letal devido à crise climática. Os números revelam a tragédia, com pelo menos 853 mortes registradas ao atravessar a fronteira EUA-México entre outubro de 2021 e setembro de 2022, de acordo com dados internos da Patrulha de Fronteira.
Grupos como Border Kindness e Armadillos argumentam que estão preenchendo uma lacuna que deveria ser responsabilidade do governo. Os voluntários trabalham incansavelmente, muitos deles tendo empregos diurnos, enquanto a situação nas fronteiras atinge níveis críticos.
A necessidade de uma resposta governamental é evidente, com o financiamento proposto por Joe Biden no projeto de gastos da Casa Branca sendo um passo, embora tardio, na direção certa. Enquanto isso, voluntários como Tia Bunny, que expressa frustração pela situação desnecessária, continuam a fornecer esperança aos migrantes que enfrentam condições adversas na busca por uma vida melhor.
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