Publicado em 11/11/2024 as 4:00pm
Presidente eleito, Trump prometeu colocar o exército e invadir locais de trabalho dos imigrantes
A vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos reacende o temor...
A vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos reacende o temor entre milhões de imigrantes indocumentados. Conhecido por sua postura firme em relação à imigração, o presidente eleito anunciou que irá adotar políticas rigorosas, incluindo a expansão do muro na fronteira com o México, uso do exército na repressão a imigrantes e deportações em massa. Estima-se que 11 milhões de pessoas possam estar na mira dessas novas políticas.
Promessas e Retórica Controversas
Durante a campanha, Trump recorreu a uma retórica considerada racista por muitos, referindo-se aos imigrantes como uma ameaça à segurança e ao bem-estar dos EUA. Em 2023, ele afirmou que os migrantes estariam “envenenando o sangue do nosso país” e atribuiu a eles uma propensão à violência, supostamente causada por "genes ruins". Esses comentários inflamaram ainda mais o debate sobre imigração e reforçaram suas intenções de adotar uma linha dura contra imigrantes.
Plano de Deportação em Massa
Trump promete implementar a maior operação de deportação doméstica da história americana. Segundo ele, serão necessárias medidas como encurtar o processo de deportação, eliminando audiências exigidas por lei, com o objetivo de acelerar as expulsões. A revista Time estima que essa operação custaria bilhões de dólares aos cofres públicos. Um estudo do Conselho Americano de Imigração projeta que deportar um milhão de imigrantes por ano custaria mais de US$ 88 bilhões (R$ 502,3 bilhões), o que, ao longo de 10 anos, ultrapassaria US$ 967,9 bilhões (R$ 5,5 trilhões).
Apesar de Trump afirmar que tais medidas trarão benefícios à população americana, como o aumento de salários, economistas e especialistas alertam para os riscos de um colapso em setores dependentes da mão de obra imigrante, como agricultura e turismo, o que poderia gerar uma crise de desabastecimento e prejudicar indústrias inteiras.
Uso do Exército e Vigilância Reforçada
Além das deportações, Trump planeja mobilizar as forças armadas para conter a imigração irregular na fronteira com o México, uma medida sem precedentes na história dos Estados Unidos. Tropas federais seriam deslocadas para reforçar a vigilância e apoiar a polícia e a Guarda Nacional dos estados republicanos. Há ainda a intenção de construir novos campos de detenção para abrigar os imigrantes antes da deportação. No entanto, críticos alertam que a criação desses centros pode repetir cenários de negligência e maus-tratos já denunciados em reportagens, como as da BBC, que mostraram crianças enfrentando condições precárias em centros de detenção.
Expansão do Muro e Inspeção Ideológica
Trump promete continuar a construção do muro na fronteira sul dos EUA. Durante seu primeiro mandato, foram construídos 804 quilômetros de barreiras, mas o projeto original previa uma extensão de 3.1 mil quilômetros. Além disso, ele pretende endurecer as restrições de entrada para cidadãos de países de maioria muçulmana, em uma tentativa de restaurar o veto migratório anteriormente revogado. A triagem ideológica será um dos critérios para recusar entrada de estrangeiros, incluindo a desqualificação de indivíduos com simpatias por ideologias consideradas antissemitas ou pró-jihadistas.
Impacto Econômico e Limitações Logísticas
Embora Trump prometa ações enérgicas, analistas avaliam que cumprir todas essas promessas será difícil. Segundo Roberto Uebel, professor de relações internacionais da ESPM, deportar 11 milhões de pessoas é logisticamente inviável e economicamente arriscado. Ele acredita que a retórica inflamada visa consolidar o apoio de sua base eleitoral, mas destaca que o próprio governo deve moderar algumas ações devido à importância dos imigrantes para a economia americana.
“Os republicanos sabem que boa parte do motor da economia dos Estados Unidos e dos estados onde ele ganhou é baseada na economia do imigrante, seja ele irregular ou não”, afirma Uebel. Ele prevê um aumento nas deportações de imigrantes presos e mais rigor no combate aos coiotes e atravessadores na fronteira, mas não acredita em uma perseguição generalizada, pelo menos no primeiro ano de mandato.
As próximas semanas serão determinantes para entender como o governo Trump irá equilibrar suas promessas eleitorais com a realidade econômica e política do país, diante de uma questão tão complexa e sensível.
Fonte: Da redação