Publicado em 28/12/2024 as 9:00am
Imigrantes se organizam para enfrentar as operações do ICE em escolas, igrejas e hospitais
Fonte: Da redação
Para cumprir a promessa de Trump de deportar mais de 11 milhões de imigrantes indocumentados, a nova administração planeja reverter políticas que limitam a fiscalização da imigração em locais sensíveis, como escolas, igrejas e hospitais, além das áreas ao seu redor.
No Texas, uma nova lei exige que alguns hospitais questionem os pacientes sobre seu status migratório, o que está levando ainda mais pessoas a se esconderem, destacou Javier Hidalgo, diretor jurídico do RAICES, uma organização sem fins lucrativos em San Antonio que apoia refugiados e imigrantes. Esse cenário reflete o impacto da fiscalização em locais sensíveis, disse Hidalgo.
O Texas tornou-se um modelo de rigor na aplicação de políticas migratórias, mas isso também impulsionou defensores e organizações a oferecerem recursos e apoio às famílias afetadas, tentando mitigar os efeitos das detenções e deportações. Essas ações podem atingir cerca de 5,8 milhões de lares americanos onde pelo menos um membro da família não possui documentos.
De maneira semelhante ao Texas, a Flórida deve sentir rapidamente os efeitos das políticas migratórias de Trump, já que o governador Ron DeSantis tem se mostrado um aliado em implementar essa agenda, comentou Sousa-Lazaballet.
Sousa-Lazaballet, assim como Hidalgo, tem conduzido na Flórida conversas cruciais para garantir que famílias imigrantes tenham um “plano de dignidade”. Esse plano inclui documentos de procuração ou tutela, assegurando que as crianças tenham quem cuide delas caso seus pais indocumentados sejam detidos. Dessa forma, evita-se que o Departamento de Famílias e Crianças assuma a guarda simplesmente porque os pais não puderam retornar após detenções ou deportações.
No Arizona, José Patiño, vice-presidente da Aliento, uma organização de defesa de direitos, promove iniciativas semelhantes com seus “pacotes familiares”. Ele destaca a importância de resolver questões legais relacionadas à tutela de propriedades e contas bancárias, garantindo acesso para os familiares caso o principal provedor da família seja detido ou deportado.
Embora essas medidas de preparação sejam essenciais, elas têm impacto significativo na saúde mental de adultos e crianças, que enfrentam a tensão de lidar com essas possibilidades enquanto tentam manter sua rotina diária, afirmaram Patiño, Hidalgo e Sousa-Lazaballet.
A RAICES, maior provedora de serviços jurídicos de imigração no Texas, afirmou estar pronta para contestar qualquer medida presidencial que ameace o direito de buscar segurança nos EUA. Se a política que limita a fiscalização em locais sensíveis for revogada, dependendo de sua execução pela administração Trump, poderá haver fundamentos legais para uma contestação, disse Hidalgo. Até lá, a organização continuará vigilante.
Da mesma forma, a Coalizão pelos Direitos Humanos dos Imigrantes de Los Angeles se prepara para agir, conforme explicou Jorge-Mario Cabrera, seu diretor de comunicações.
Além disso, a United We Dream, maior rede de jovens imigrantes do país, pretende reabrir a linha direta lançada durante o primeiro mandato de Trump. Segundo Anabel Mendoza, diretora interina de comunicações, essa iniciativa estará ativa a partir de 20 de janeiro.