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Debate sobre imigração ameaça a segurança psicológica de alunos em Connecticut

Em meio a um cenário político cada vez mais polarizado, cresce o medo entre estudantes que têm familiares em situação migratória vulnerável.

Recentemente, enquanto caminhava por uma escola em Connecticut, ouvi um aluno dizer a outro: “Cala a boca, antes que eu chame o ICE pra você.” Essa frase, dita de maneira casual, revela como a retórica anti-imigrante se normalizou em nosso cotidiano — até mesmo dentro de instituições de ensino, onde todas as crianças deveriam se sentir acolhidas e seguras.

Em meio a um cenário político cada vez mais polarizado, cresce o medo entre estudantes que têm familiares em situação migratória vulnerável. Mesmo aqueles que vieram ao país de forma legal — por meio de programas de refúgio ou asilo — convivem com o temor de serem considerados “indesejados”.

A segurança psicológica — ou seja, a sensação de poder expressar ideias, correr riscos e cometer erros sem medo de julgamento ou represálias — é essencial para o aprendizado. Está entre as necessidades básicas do ser humano, logo após a segurança física, na hierarquia de Maslow. Quando estudantes não se sentem seguros, apresentam dificuldade de concentração, queda no desempenho escolar e, muitas vezes, evitam frequentar a escola.

A retórica de ódio contra imigrantes não é nova, mas ganhou espaço sob a atual administração. O próprio presidente Donald Trump fez declarações recentes oferecendo US$ 1.000 a imigrantes que aceitassem “autodeportar-se” e sugeriu o uso de prisões venezuelanas, a reabertura de Alcatraz e o aumento de detenções como forma de intimidação. Aplicativos como o CBP One — criado durante o governo Biden para legalizar temporariamente a entrada de imigrantes — agora estão sendo usados para comunicar que é hora de retornarem aos seus países.

Essas ações e declarações repercutem diretamente nas escolas. Sabrina Tavi, diretora do Immigrant Children’s Justice Project, afirma que o medo instaurado está fazendo com que famílias deixem de enviar seus filhos para a escola. “Há um impacto real na frequência e no bem-estar das crianças em nossas comunidades”, disse.

Dois educadores de Connecticut compartilharam suas experiências. Wakime Hauser, professor de educação especial, destacou o papel da mídia e da desinformação. “É essencial que educadores recebam informações precisas sobre imigração e conheçam a legislação local”, disse. Em sua escola, uma apresentação foi feita para a equipe explicando o que é o ICE e como a instituição deve agir caso agentes tentem entrar.

Lamirra Hood-Stewart, ex-diretora escolar, ressalta que nenhuma criança deveria viver com o medo de ser deportada. “Como esperar que um aluno se concentre no conteúdo da aula quando está preocupado com a possibilidade de ver seus pais levados?”, questiona. Ela defende que as escolas sejam refúgios, onde estudantes possam se desenvolver sem medo.

O clima político atual cria um ambiente hostil que ameaça não apenas os direitos das famílias imigrantes, mas também o pleno funcionamento das instituições educacionais. A responsabilidade de proteger os estudantes cabe não apenas aos professores, mas a toda a sociedade. É preciso garantir que cada escola seja um espaço de confiança, inclusão e dignidade.

(fonte: Connecticut Mirror)

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