A delação do velejador brasileiro Flávio Fontes Pereira, de 58 anos, foi decisiva para que a Polícia Federal e a agência antidrogas dos Estados Unidos (DEA, sigla em inglês) desarticulassem uma rede internacional de tráfico de cocaína operada por veleiros que partiam do litoral paulista rumo à África e à Europa. A operação batizada de Narco Vela resultou na prisão de 26 suspeitos no último dia 29 de abril.
Publicidade
Publicidade
Depoimento de brasileiro leva à prisão 26 suspeitos por tráfico internacional de cocaína nos EUA

Da redação
A delação do velejador brasileiro Flávio Fontes Pereira, de 58 anos, foi decisiva para que a Polícia Federal e a agência antidrogas dos Estados Unidos (DEA, sigla em inglês) desarticulassem uma rede internacional de tráfico de cocaína operada por veleiros que partiam do litoral paulista rumo à África e à Europa. A operação batizada de Narco Vela resultou na prisão de 26 suspeitos no último dia 29 de abril.
Flávio está preso desde fevereiro de 2023, quando a Guarda Costeira dos EUA interceptou o veleiro Lobo IV, com três toneladas de cocaína a bordo. A embarcação, de bandeira brasileira, havia partido de Ilhabela (São Paulo) e foi abordada em águas internacionais, a cerca de 240 milhas da cidade de Douprou, na Guiné, na costa oeste africana.
O velejador foi levado para os Estados Unidos, onde cumpre pena na Middle Florida State Prison, penitenciária de segurança máxima localizada na cidade de Middleburg. Em depoimento prestado à DEA, ele revelou nomes, rotas e operações logísticas da quadrilha, supostamente coordenada pelo Primeiro Comando da Capital (PCC). Segundo a Polícia Federal, o grupo teria movimentado mais de 8 toneladas de cocaína em três anos, com valor estimado em R$ 1,32 bilhão.
Com vasta experiência em navegação oceânica, Flávio Fontes participou de expedições entre 2003 e 2012 com o navegador Amyr Klink, um dos mais renomados do país. De acordo com a reportagem do Fantástico, ele foi procurado por traficantes em 2021, na cidade de São Sebastião (SP), por causa de seu conhecimento técnico.
A primeira missão teria ocorrido em junho de 2022, quando Flávio zarpou no veleiro Vela 1, partindo de Ilhabela. A carga de cocaína foi entregue em alto-mar por lanchas e acabou apreendida pela polícia espanhola nas Ilhas Canárias. O velejador, no entanto, conseguiu escapar.
Meses depois, em fevereiro de 2023, ele participou de uma segunda viagem — desta vez no Lobo IV, que transportava três toneladas da droga. A embarcação foi interceptada por forças navais dos Estados Unidos no Oceano Atlântico. O veleiro foi destruído, e Flávio, preso e extraditado.
Cooperação internacional e novas prisões
O material fornecido por Flávio às autoridades americanas foi compartilhado com a Polícia Federal brasileira. A colaboração permitiu a deflagração da Operação Narco Vela, que prendeu 26 pessoas envolvidas na organização criminosa, incluindo operadores logísticos, financiadores e responsáveis pela preparação das embarcações.
A investigação revelou que o tráfico utilizava rotas sofisticadas, aproveitando o baixo nível de fiscalização em embarcações de lazer e esportivas. Os veleiros partiam de marinas e portos do litoral paulista, principalmente Ilhabela e São Sebastião, carregados com cocaína que seria distribuída na África e, posteriormente, na Europa.
A Polícia Federal e a DEA seguem com as investigações para identificar outros integrantes da rede e rastrear o destino de recursos movimentados pelo grupo.
Compartilhar
Publicidade