Publicado em 9/09/2008 as 12:00am
Republicanos querem rigidez contra indocumentados
A plataforma republicana aprovada durante a convenção mostrou que a ala mais conservadora do partido rechaça uma anistia aos mais de 12 milhões de indocumentados nos Estados Unidos, ao mesmo tempo que exige firmeza na segurança das fronteiras
A plataforma
republicana aprovada durante a convenção mostrou que a ala mais conservadora do
partido rechaça uma anistia aos mais de 12 milhões de indocumentados nos
Estados Unidos, ao mesmo tempo que exige firmeza na segurança das fronteiras. Os republicanos, porém, não deixaram de destacar no documento que
pretendem promover a integração social dos imigrantes legais no país. As propostas foram aprovadas por unanimidade
durante o encontro em St. Paul, no estado de Minnesota.
O projeto de governo
do candidato John McCain tem pouco mais de 50 páginas, sendo que duas delas são
dedicadas ao tema. Se por um lado os republicanos demonstram seu ponto de vista
conservador nas idéias de como resolver a questão da imigração ilegal, por
outro procuram se apresentar de forma condenscendente à situação dos
imigrantes. Ou seja, deixam claro que não vão permitir a anistia aos
indocumentados, que segundo eles foi a causa principal da vulnerabilidade das
fronteiras do país, mas querem aproximar os imigrantes da cultura americana.
"A lei fica
enfraquecida se as políticas do Governo premiam a atividade ilegal. O povo
americano condena a legalização em massa e isso se justifica pelos fracassos
recentes do Governo em cumprir a lei”, diz um trecho da proposta. Com isso,
segundo analistas, o partido deixa claro que o assunto imigração sera tratado
por uma eventual administração republicana como uma questão de segurança
nacional, sob a argumentação que os EUA podem ter um sistema de imigração
sólido sem a necessidade de sacrificar a legislação. Portanto, tanto como em
relação às ameaças de terrorismo, o narcotráfico e outros crimes, a soberania
da segurança nacional corre perigo se o país permite em seu território milhões
de desconhecidos, sem qualquer registro oficial.
O que fazer, então,
com os mais de 12 milhões de indocumentados que vivem na América, já que parte
da população exige a expulsão imediata deste contingente e outra parte espera a
negociação de uma reforma que pode absorvê-los na sociedade? Para os
republicanos, a solução passa por um aumento na vigilância em todos os pontos
de entrada do país, na finalização do muro na fronteira com o México, as operações
da polícia de imigração (ICE) nas fábricas e na deportação imediata dos imigrantes
que já cometeram crimes.
Para tanto, o
documento propõe penas mais severas a quem permanecer no país após a expiração
do visto e multas altas para os contrabandistas de pessoas (coiotes). Além
disso, exige das empresas que utilizem o sistema E-Verify – um programa
estabelecido pelo governo federal que determina a todos os empregadores a
identificação do status imigratório de seus empregados. O projeto prevê ainda
que as cidades consideradas ‘santuários de imigrantes’ serão punidas com a
falta de verbas federais, pois dar guarida aos indocumentados é colocar a vida
dos cidadãos americanos em perigo. Amenizando o discurso, a plataforma
republicana apóia a “identidade comum” do povo americano e a integração dos
imigrantes legalizados à cultura e à vida do país, fazendo uma ressalva: o inglês
é o idioma oficial dos EUA.
Os comentaristas
políticos perceberam algumas diferenças marcantes entre a plataforma do partido
para estas eleições e os documentos produzidos por ocasião da candidatura de
George W. Bush, em 2000 e 2004. Naquelas ocasiões, o nome do candidato foi
mencionado dezenas de vezes, enquanto que McCain só foi citado uma vez na atual
proposta, na introdução, deixando claro – na opinião dos especialistas – que a
posição adotada tem a cara do partido e não do seu candidato. Outra diferença é
em relação ao próprio tema da imigração: na época de Bush, o partido defendia
um sistema migratório humano, um programa para trabalhadores temporaries e uma
via de legalização para os indocumentados. E foi justamente isso que o senador
McCain defendeu no Congresso, antes de ser derrotado pela ala mais
conservadora.
O documento foi
elogiado pela União Conservadora Americana (ACU, na sigla em inglês) e pelo
Conselho dos Direitos da Família, mas o candidato McCain faz questão de
manifestar o seu apoio pessoal à reforma. E nem poderia ser diferente:
calcula-se que pelo menos dez milhões de latinos vão às urnas no dia 4 de
novembro e o voto hispânico certamente sera crucial em estados-chaves como Novo
México, Flórida e Colorado.
Fonte: (Da redação)