Publicado em 8/01/2009 as 12:00am
Recessão pode durar anos se nada for feito, diz Obama
Novos dados previstos para esta semana deverão reforçar os sinais de enfraquecimento da economia americana
Por Phydias Barbosa
O presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama, disse nesta
quinta-feira que a atual recessão pode se prolongar por anos caso não sejam
tomadas medidas "drásticas". "Se nada for feito, essa recessão
poderá se prolongar por anos", disse Obama em seu primeiro grande discurso
sobre a política econômica desde que foi eleito, em 4 de novembro. Obama pediu
ao Congresso que aja rapidamente para aprovar o pacote de estímulo econômico de
US$ 800 bilhões elaborado por sua equipe. "Eu não acho que seja tarde
demais para mudar o curso, mas será (tarde demais) se não adotarmos medidas
dramáticas o quanto antes", disse Obama, no discurso realizado no Estado
da Virginia.
"Esta é uma crise diferente de qualquer uma que tenhamos vivido em
nosso tempo", afirmou. "Um mundo que depende da força da nossa
economia está neste momento observando e esperando que os Estados Unidos
liderem mais uma vez, e é isso o que nós vamos fazer."
Impulso
Obama disse que, com a taxa de juros nos Estados Unidos próxima de zero
e com a desaceleração da atividade econômica e a diminuição dos empréstimos,
depende do governo agir. "Somente o governo pode oferecer o impulso de
curto prazo necessário para nos tirar de uma recessão tão profunda e severa
como esta", disse. "Eu faço um apelo ao Congresso para que aja o mais
rapidamente possível em benefício do povo americano." O presidente eleito
toma posse no próximo dia 20. Nesta semana, a primeira desde que se mudou com a
família para Washington, no último domingo, Obama se concentrou em seu plano de
estímulo econômico. Segundo informações colhidas na maioria dos jornais
americanos, os Estados Unidos estão entrando na pior recessão de sua história
desde a década de 1930.
Enfraquecimento
O Departamento de Trabalho dos Estados Unidos deverá divulgar na
sexta-feira os dados sobre emprego relativos a dezembro de 2008. Muitos
economistas esperam um aumento no desemprego, com a perda de 500 mil vagas em
dezembro, e um total acumulado de 2,5 milhões de postos de trabalho fechados em
2008. Obama tem se reunido com líderes do Congresso para buscar apoio a seu
pacote, que deverá custar entre US$ 700 bilhões e US$ 800 bilhões nos próximos
dois anos e criar até 3 milhões de empregos. Desse montante, cerca de US$ 300
bilhões serão destinados a cortes de impostos. O pacote também prevê aumento de
gastos em infra-estrutura e ajuda aos Estados.
Déficit
No entanto, o
projeto de Obama deve ser prejudicado pelos dados divulgados na quarta-feira
pela Comissão de Orçamento do Congresso americano, que indicam um déficit
orçamentário de US$ 1,18 trilhão (cerca de R$ 2,62 trilhões) para o ano fiscal
que se encerra em 30 de setembro. O déficit é o maior já registrado e não leva
em conta o pacote elaborado pela equipe de Obama. O presidente eleito disse que
entende o ceticismo do povo americano em relação à intervenção do governo na
economia, mas afirmou que qualquer decisão sobre gastos será feita de forma
transparente e que representará um "esforço sem precedentes" para
eliminar gastos desnecessários. Obama disse também que a atual crise foi
provocada pela ação irresponsável de bancos, corporações e do governo e
prometeu reformar o sistema regulatório "fraco e ultrapassado" para
proteger consumidores e investidores.
Os democratas
esperavam que o pacote econômico estivesse pronto para ser sancionado por Obama
logo após a posse, mas agora já admitem que isso não será possível antes de
meados de fevereiro.
Fonte: (ANBT - Agência de Notícias Brazilian Times )