Publicado em 16/02/2009 as 12:00am
Jornais suíços criticam governo brasileiro no caso Paula
Os principais jornais da Suíça deste fim de semana fazem sérias críticas ao governo e à imprensa brasileiros no caso da advogada Paula Oliveira, que disse ter sido agredida por skinheads neonazistas em Zurique
Os principais jornais da Suíça deste fim de semana fazem sérias críticas
ao governo e à imprensa brasileiros no caso da advogada Paula Oliveira, que
disse ter sido agredida por skinheads neonazistas em Zurique.
Em um artigo opinativo, o diário conservador Neue Zürcher Zeitung, um
dos jornais de maior prestígio na Europa, cita o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, o ministro das Relações Exteriores Celso Amorim e o ministro da
Secretaria Especial de Direitos Humanos Paulo Vannuchi, apontando que eles
taxaram como "fato, de forma irrestrita, as declarações da
brasileira". O texto também diz que a imprensa brasileira "passou dos
limites, indo especialmente longe no julgamento de supostos incidentes
neonazistas e racistas na Suíça".
O Neue Zürcher Zeitung afirma que a imprensa brasileira teria criticado
publicações suíças, inclusive o próprio jornal. O artigo comenta ainda que a
mídia no Brasil traz regularmente "notícias de fatos totalmente
inventados, acusações que já destruíram a vida de outras pessoas", além de
afirmar que "a gravidez inventada, segundo se conta" seria artifício
comum entre as brasileiras "para pressionar maridos e companheiros".
O artigo termina afirmando que os suíços se surpreenderiam "com o
nível de xenofobia, neonazismo e anti-semitismo no Brasil". "O país
tropical está, de acordo com sondagens internacionais, entre os Estados com
maior índice de xenofobia: 72% são, segundo pesquisa, contra a recepção de
estrangeiros", comenta o periódico.
Caranguejo
Outros periódicos suíços não pouparam expressões irônicas para criticar
o governo brasileiro. O 20 Minuten, o jornal de maior tiragem da Suíça alemã e
distribuído gratuitamente, traz um artigo intitulado "Lula da Silva caranguejeia para trás". Nele, o
jornal comenta as reações reticentes do governo brasileiro, após surgir a
notícia de que Paula Oliveira não estaria grávida, como ela havia alegado. O 20
Minuten lembra que no dia anterior, o governo brasileiro demonstrou indignação
e deu declarações públicas nas quais cogitou mesmo recorrer à ONU para
pressionar o governo suíço.
A mídia brasileira também foi alvo do jornal Tages-Anzeiger, na
reportagem "Eles expuseram o Brasil ao ridículo". O diário reproduz
comentários de leitores brasileiros publicados nos jornais nacionais após a
reviravolta do caso, nos quais "atacam as reações precipitadas do
presidente Lula e do ministro Amorim".
Borderline
O mesmo jornal suíço também dedica outro artigo ao caso de Paula
Oliveira, intitulado "A tragédia de
O: lenha para a sociedade borderline". Escrito por uma repórter da
área de cultura, o texto classifica a história como uma "lição de
manipulação da mídia", que demonstraria o interesse da sociedade "por
personalidades portadoras de borderline". A autora diz se tratar de um
"caso evidente de uma mulher que utiliza o próprio corpo, de forma
bastante consciente, para tornar uma suposta impotência em um chamariz para a
mídia e, por consequência, em poder".
O texto afirma que, ao se confirmarem as conclusões preliminares da
investigação, a brasileira "deve ser diagnosticada como tendo um
transtorno de personalidade borderline"
e cita automutilação e necessidade de chamar a atenção como alguns dos sintomas
deste tipo de transtorno. O título do artigo se aproveita da inicial do
sobrenome da brasileira e faz uma alusão implícita ao nome do romance A
História de O, clássico erótico sobre uma mulher que se submete voluntariamente
a práticas de tortura.
A maioria dos jornais também divulgou entrevistas com psiquiatras e
tratam o caso como um incidente com fortes indícios de ter sido causado por
alguém com problemas psíquicos.
Fonte: (ANBT - Agência de Notícias Brazilian Times )