Publicado em 7/04/2009 as 12:00am
Jornal The Boston Globe pode fechar em 30 dias
Em reunião com líderes dos 13 sindicatos do jornal Boston Globe, executivos da The New York Times Co disseram que se o jornal não aceitar cortar US$ 20 milhões em gastos, o Globe pode ser fechado em 30 dias
Em reunião com líderes
dos 13 sindicatos do jornal Boston Globe, executivos da The New York Times Co.,
empresa guarda-chuva, disseram que se o jornal não aceitar cortar US$ 20
milhões em gastos, o Globe pode ser fechado em 30 dias.
As concessões
incluiriam cortes de salários, fim dos benefício de pensão e de garantia de
emprego vitalício, dos quais alguns veteranos do Globe gozam hoje.
Com a queda nos lucros com propaganda e assinaturas, o Boston Globe perdeu US$ 50 milhões só em 2008. Analistas estimam as perdas deste ano em US$ 85 milhões.
Lançado em 1872, cuja
primeira edição 4 de março de 1872 custava 4 centavos, o Globe é o líder da
região da Nova Inglaterra e o14º jornal dos EUA. O diário vem fazendo o que
pode para balancear as contas – recentemente demitiu mais 50 funcionários, da
redação e do departamento comercial.
Nos seus tempos
áureos, quando o jornal foi vendido para a Times Co. 1993 por US$ 1.1 bilhões,
ninguém poderia imaginar a situação de hoje. A ironia nesta crise do
jornalismo nos EUA, e no mundo, é que nunca na história os jornais foram tão
lidos – só que on-line. Numa reportagem de capa da revista “Time,” um consultor
financeiro disse que a única chance do modelo comercial dos jornais voltar a dar
lucro era se eles cobrassem 5 centavos por matéria lida na Internet.
Os executivos da Times
Co. deixaram claro que não vão continuar bancando o Globe, pois têm seus
próprios problemas financeiros. O New York Times perdeu US$ 57,8 milhões em
2008. O jornal vendeu grande parte da sua sede em Nova York, mas recebeu US$
250 milhões do do bilhionário mexicano Carlos Slim, e vai pagar 14% de juros
pelo empréstimo.
Embora as ações
do Times tenham registrado uma alta de 1,8%, valendo hoje US$ 5,05, elas
tiveram um período de queda de 12 meses.
Em Boston, o clima
entre os leitores - dos mais aos menos ilustres - é de quem já está
velando um ente querido.
O atual governador de
Massachusetts, Deval Patrick, que já entregou o Globe de casa em casa quando
era estudante, disse ser “difícil imaginar o começo do dia sem a leitura do
Boston Globe.”
“O Globe cobra
responsabilidade das pessoas. Às vezes a gente pode até não concordar. Mas eles
fazem perguntas difíceis, mas que são baseadas em números reais,” disse Thomas
Menino, prefeito de Boston.
Até o humilde
blogueiro foi uma vítima profissional da crise que afetou o Globe. Em outubro
de 2007 fui entrevistado para ser repórter do jornal, mas minha contratação foi
bloqueada por um 'congelamento' – resultando, eventualmente, num sonoro NÃO.
Contribuí como repórter freelance do Boston Globe de 2003 a 2008.
Fonte: (Eduardo Oliveira - Blog Brazil com Z)