Publicado em 20/04/2009 as 12:00am
Obama faz sucesso na cúpula das Américas
Líderes latino-americanos estão considerando um sucesso a Cúpula das Américas que se encerrou, ontem, domingo e que consagrou o presidente americano Barack Obama como parceiro positivo no hemisfério
Líderes
latino-americanos estão considerando um sucesso a Cúpula das Américas que se
encerrou, ontem, domingo e que consagrou o presidente americano Barack Obama
como parceiro positivo no hemisfério, alguém que conseguiu conquistar até mesmo
críticos ferrenhos dos Estados Unidos. Uma cerimônia formal de encerramento concluiu
a Quinta Cúpula das Américas, realizada em Trinidad e Tobago e que apresentou
Obama à região, onde o antiamericanismo é aceito há muito tempo como reflexo
nacionalista.
Contrastando
com a cúpula anterior, realizada na Argentina em 2005 e que terminou com
desavenças, a reunião em Port of Spain foi repleta de sentimentos positivos
projetados pelo novo e jovem presidente americano, que prometeu a seus pares
uma parceria cooperativa entre iguais. "Fizemos muitos avanços. Diante da
expectativa original de tensões, acho que o fato de a cúpula ter sido cordial
deve ser qualificada como sucesso," disse a jornalistas o presidente da
República Dominicana, Leonel Fernandez. Obama
teve que enfrentar um coro de chamados pelo fim do embargo comercial a Cuba,
mas isso não o impediu de discutir com os outros 33 chefes de Estado a crise
econômica global e os desafios regionais de energia e segurança.
O
primeiro presidente negro da história dos EUA parece ter feito sucesso junto a
seus colegas da região, mesmo com aqueles que descreveram seu predecessor,
George W. Bush, como a epítome diabólica
do imperialismo. O mais veemente crítico de Bush, o presidente venezuelano
Hugo Chávez, demonstrou civilidade afável em relação a Obama, dizendo a ele em
inglês "quero ser seu amigo" e presenteando-o com um livro sobre a
América de um autor esquerdista, Eduardo Galeano.
Chávez
sentiu-se suficientemente tranquilizado por Obama para propor a indicação de um
novo embaixador a Washington, para restaurar as relações normais entre EUA e
Venezuela. Em setembro passado ele expulsou o enviado americano a Caracas, e
Washington reagiu expulsando o embaixador venezuelano, devido a uma disputa
sobre as atividades dos EUA na Bolívia.
Washington
considerou "positiva" a iniciativa para restaurar os embaixadores
Chávez
liderou um grupo de presidentes de esquerda, incluindo o boliviano Evo Morales,
o nicaraguense Daniel Ortega e o equatoriano Rafael Correia, que criticaram a
ausência de Cuba na cúpula e rejeitaram o rascunho de declaração final,
considerando-a incompleta. Eles
disseram que o documento não tratou da exclusão de Cuba e não oferece soluções
concretas à crise econômica global que ameaça levar milhões de pessoas na
região de volta à pobreza.
"CLIMA POSITIVO”
A
declaração, que contém mais de 60 parágrafos e na qual diplomatas trabalharam
durante meses, expressa o compromisso dos líderes do hemisfério com
"garantir o futuro de nossos cidadãos, promovendo a prosperidade humana, a
segurança energética e a sustentabilidade ambiental." Em vista das
objeções feitas ao documento por alguns dos presidentes, não era certeza se ele
seria formalmente assinado. Líderes regionais disseram, entretanto, que esse
fato não diminuiria o espírito de modo geral positivo e os avanços feitos nessa
cúpula. "Acho que a cúpula foi um grande sucesso graças à qualidade do
diálogo que ocorreu entre os presidentes," disse a jornalistas o
secretário-geral da Organização de Estados Americanos, José Miguel Insulza. "A
presença do presidente Obama certamente fez uma contribuição forte ao clima
positivo e ao êxito da cúpula," disse ele, acrescentando que os líderes
tiveram conversações substantivas sobre a crise econômica e outras questões. Insulza
acha que a cúpula não foi prejudicada pela discussão sobre as relações EUA-Cuba
que dominou a fase que a precedeu.
As
esperanças de uma aproximação entre Washington e Havana aumentaram depois de
Obama e o presidente cubano Raúl Castro terem assinalado sua disposição em
dialogar para tentar pôr fim ao conflito ideológico de longa data entre seus
países. Na sessão inaugural da cúpula, na sexta, Obama disse que quer "um
novo começo" com Cuba e, no início da semana, fez um gesto positivo,
afrouxando algumas das restrições do embargo americano. O líder americano
também deixou claro que quer que Cuba faça a recíproca, aumentando as
liberdades políticas de seus cidadãos.
Havana
já rejeitou no passado a imposição de tais condições à melhora das relações,
tachando-a a de ingerência em sua soberania. Apesar da necessidade de mais
medidas concretas para substanciar o discurso conciliador de ambos os lados,
muitos acreditam que podem ter sido criadas as condições para um avanço real
nas relações entre EUA e Cuba. "Na próxima cúpula, dentro de três anos,
acho que é razoável imaginar que Cuba esteja presente," disse Insulza.
Fonte: (Da redação)