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Publicado em 15/07/2012 as 12:00am

Candidata do PV espera que sua voz seja ouvida nas eleições dos EUA

Jill Stein, a provável candidata à presidência pelo Partido Verde, provavelmente é a única em campanha que passa uma hora por dia preparando suas próprias refeições orgânicas ? e que foi, até não muito tempo atrás, a cantora de uma banda de folk rock.

Jill Stein, a provável candidata à presidência pelo Partido Verde, provavelmente é a única em campanha que passa uma hora por dia preparando suas próprias refeições orgânicas – e que foi, até não muito tempo atrás, a cantora de uma banda de folk rock.

Mas as diferenças dela não terminam aí. Quando a dra. Stein, uma ex-médica, é apresentada em campanha como "Jill Stein para presidente", ela também provavelmente é a única candidata a quem perguntam, "Para presidente do quê?"

Isso foi o que Keith Brockenberry, um cozinheiro, quis saber em um evento em Roxbury na semana passada. Após um dos apoiadores de Stein ter esclarecido, "para presidente dos Estados Unidos", Brockenberry pareceu tanto surpreso quanto encantado. "Tá de brincadeira!" ele deixou escapar. "Eu não tinha ideia."

Mas o que Stein carece de reconhecimento de nome ela tenta compensar atualmente em organização cheia de energia e alcance por mídia social de baixo custo. Quando ela aceitar oficialmente a indicação na convenção do Partido Verde neste fim de semana, em Baltimore, ela será a primeira candidata do partido qualificada a receber fundos federais –um marco para esse partido alternativo de 11 anos de idade e potencialmente um grande empurrão para uma campanha que não aceita doações de empresas.

O Partido Verde dos Estados Unidos espera estar na cédula em pelo menos 45 Estados e gastar cerca de US$ 1 milhão em sua campanha. No momento, ele garantiu presença na cédula, um teste organizacional por si só, em 21 Estados, incluindo Estados indefinidos como Colorado, Flórida, Michigan e Ohio, onde os candidatos dos grandes partidos, o presidente Barack Obama e Mitt Romney, que estão arrecadando dezenas de milhões de dólares por mês, realizam uma disputa acirrada.

Apesar de Stein mal aparecer nas pesquisas nacionais, especialistas apontam que Ralph Nader, o candidato do Partido Verde em 2000, foi considerado por muitos democratas como desviando votos suficientes de Al Gore em um Estado, a Flórida, para fazer a eleição pender para George W. Bush, um republicano. Nacionalmente, Nader conquistou apenas 3% dos votos.

Será que esse cenário poderia acontecer de novo? Diferente de Stein, Nader, um defensor do consumidor durante toda sua vida, desfrutava de grande reconhecimento de nome. Mas agora, mais de uma década depois, o Partido Verde amadureceu ao ponto de o perfil mais discreto de Stein poder ser compensado por uma operação política mais experiente.

"O Partido Verde precisa conquistar apenas um número pequeno de votos para provocar um revés em um Estado como Ohio, se a disputa estiver acirrada", disse Peter Ubertaccio, presidente do Departamento de Ciência Política e Estudos Internacionais da Stonehill College, em Easton, Massachusetts. "Então, repentinamente, os números gerais insignificantes dele se tornam extremamente significativos na decisão de quem fica com os votos eleitorais naquele Estado." Isso é um perigo para seus aliados naturais, os democratas, ele disse.

Stein, 62, formada pela Harvard College e pela Escola de Medicina de Harvard, leva na esportiva suas chances insignificantes e gosta de explicar para quem quiser ouvir "como uma médica simpática como eu", ela diz, "veio parar em lugar como este".

Uma médica internista que ficou impaciente com as raízes sociais e ambientais da doença, disse Stein, "eu agora pratico medicina política porque a política é a mãe de todos os males".

Os apoiadores do Partido Verde tendem a ser jovens, mas o partido também é popular entre liberais de todas as idades que estão desencantados com o governo Obama.

Emily Winter, 24, faz parte desses eleitores. "Eu votei em Obama porque ele pregava mudança, e ele fez um trabalho impressionante na área de direitos da mulher, saúde e política exterior", disse Winter, estudante de pós-graduação da Universidade de Boston que abordou Stein em uma rua de South End para pedir uma foto. "Mas eu sinto que políticas demais estão emperradas onde estão há anos."

Stein, sempre educada e usando lenços em cores vivas, terninho e seu característico cabelo grisalho, é rápida em apontar que é a única candidata com experiência em debate com Romney, como ocorreu na campanha ao governo de Massachusetts em 2002, sua primeira de quatro tentativas fracassadas de disputar um cargo eletivo. O que ela aprendeu? "É fácil debater com um robô", ela disse com naturalidade.

Apesar de ter perdido a eleição, com apenas 3% dos votos, uma pesquisa realizada por uma emissora de TV local após um debate mostrou que 32% dos espectadores aptos a votar disseram que Stein venceu, em comparação a 33% que deram a vitória no debate a Romney (ele acabou vencendo a eleição).

"Se você assistir aos debates, Stein não se parece com uma caricatura de candidato de terceiro partido", disse Ubertaccio. "Ela é ponderada e fala sobre as políticas com conhecimento."

Ainda assim, alguns detratores desprezam Stein como sendo uma perene candidata de protesto, que nunca conseguiu muita tração junto aos eleitores.

Agora o grande desafio para Stein, natural da área de Chicago e que atualmente vive no noroeste de Boston com seu marido, um cirurgião (eles têm dois filhos adultos), é mostrar que pode conquistar apoio em todo o país. Ela anseia por ser incluída nos debates televisionados para todo o país, um grande obstáculo para qualquer candidato de terceiro partido.

Segundo a Comissão para Debates Presidenciais, um candidato deve contar com "um nível de apoio de pelo menos 15% do eleitorado nacional" de acordo com cinco organizações nacionais de pesquisa.

Stein, que diz que o limiar de debate visa beneficiar os grandes partidos, diz que ela enfatiza questões como sustentabilidade ecológica, igualdade racial e de gênero, e justiça econômica. A peça central de sua plataforma é um chamado New Deal Verde, uma adaptação dos programas da era Roosevelt que visavam estimular o crescimento do emprego e a economia deprimida. Ele seria pago pelo fim da presença de tropas americanas no Iraque e Afeganistão, diz a campanha, e pela eliminação do desperdício no sistema de saúde. Além disso, Stein defende um imposto de renda progressivo que aumentaria as alíquotas para os ricos.

"Há benefícios imensos na adoção de uma economia verde que forneça empregos e bons salários", ela disse.

Stein é rápida em igualar Obama e Romney, dizendo que as políticas deles são quase indistinguíveis. Ela cita a política de saúde do governador e a nova lei do presidente como exemplo. (Ela apoia um sistema de pagador único.)

"Nós precisamos de pessoas em Washington que se recusem a ser compradas por dinheiro de lobistas e para quem mudança não seja apenas um slogan", ela disse. "Parece que há uma rebelião em curso e as pessoas estão realmente prontas para algo diferente."

Fonte: uol.com.br

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