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Publicado em 23/02/2016 as 12:00am

Obama sobre Guantánamo: 'Vamos encerrar um capítulo da nossa História'

A 11 meses de deixar Casa Branca, presidente quer trazer presos aos EUA pela primeira vez

O presidente Barack Obama enviou nesta terça-feira ao Congresso americano seu plano para fechar de forma definitiva a prisão de Guantánamo, localizada em uma base dos EUA em solo cubano. Ainda restam 91 presos na prisão — famosa por abrigar suspeitos de ligação com o terrorismo, mas que, em alguns casos, nunca foram formalmente processados e teriam sido vítimas de torturas. A proposta prevê a inédita transferência destes presos para cadeias nos Estados Unidos, medida que tem grande rejeição do Partido Republicano.

Afirmando que fechar a prisão de Guantánamo vai “encerrar um capítulo da história americana”, o Obama informou, em um pronunciamento na Casa Branca, que a prisão mancha a reputação americana, sem tornar os Estados Unidos mais seguros contra o terrorismo. Ele também citou casos de terroristas que foram descobertos e processados no país e cumprem pena em prisões americanas de segurança máxima.

— A existência desta prisão virou objeto de propaganda de grupos terroristas para atrair novos recrutas — disse. — Grande parte do público americano está preocupado com o terrorismo e, em sua mente, a noção de ter terroristas detidos nos EUA, em vez de em algum lugar distante, pode ser assustador. Mas já estamos prendendo terroristas perigosos aqui.

O presidente ressaltou que terá uma batalha difícil no Congresso, mas disse acreditar que há espaço para um acordo, pois a questão já teve o apoio do ex-presidente George W. Bush, que já havia transferido cerca de 500 presos de lá para outros países. O senador John McCain, seu ex-oponente, também concordou com o tema.

Obama também reforçou que deseja fechar a prisão ainda dentro de seu mandato, atendendo a uma promessa que fez na campanha eleitoral de 2008.

— Eu não quero passar este problema para o próximo presidente, seja quem for. E se, como uma nação, nós não conseguimos lidar com isso agora, quando será? Será que vamos deixar essa questão se arrastar por mais 15, 20 ou 30 anos? — questionou.

ECONOMIA DE US$ 1,7 BI EM 20 ANOS

O presidente ainda lembrou que a existência de Guantánamo custou US$ 450 milhões no ano passado (quase US$ 5 milhões por preso ao ano) e que o local ainda precisa de mais US$ 200 milhões em reformas. Com o plano de encerrar a prisão, transferindo 35 presos para outros países e mantendo 60 detentos em prisões de segurança máxima nos EUA, haveria economia de US$ 85 milhões no primeiro ano, US$300 milhões em 10 anos e de US$ 1,7 bilhão em 20 anos.

Ele afirmou que este é “um dos melhores planos” de sua equipe de segurança e afirmou que, no momento, não serão divulgados os locais que foram planejados para receber estes presos. Em seu discurso de 18 minutos, sem espaço para perguntas dos jornalistas, Obama diz que quer contar com a responsabilidade do Congresso para aprovar o fim definitivo de Guantánamo.

— Isso vai encerrar um capítulo da História americana — disse ele.

Segundo a Casa Branca, 35 detentos de menor periculosidade poderiam ser transferidos a terceiros países, como já ocorreu outras vezes — a exemplo do Uruguai, que iniciou o recebimento destes presos no fim de 2014. O restante, segundo o plano, seria levado a cadeias americanas.

A maior parte destes presos tem origem muçulmana. Esse sempre foi um dos pontos mais questionados da promessa de Obama — feita ainda à época da sua eleição — de fechar a controversa prisão. Por outro lado, a existência desta penitenciária é uma das maiores queixas de organizações de Direitos Humanos contra os EUA.

OBSTÁCULOS PARA OBAMA

A promessa de Obama é fechar a prisão até a conclusão do seu mandato, que se encerra no dia 20 de janeiro de 2017. Mas seu plano para o fim de Guantánamo foi apresentado faltando apenas onze meses para o presidente deixar a Casa Branca. E chega em um Congresso dominado pela oposição republicana em ano eleitoral, o que torna sua aprovação ainda mais difícil de avançar. Outras questões que acirram os ânimos, como a nomeação de um novo juiz para a Suprema Corte dos EUA, confirmam que há um ambiente hostil a acordos no parlamento.

Além disso, dois pré-candidatos republicanos para as eleições presidenciais de novembro, Marco Rubio e Ted Cruz, já afirmaram que querem manter Guantánamo ativa e levar para lá ainda mais presos acusados de relação com o terrorismo. Donald Trump, o líder da campanha republicana, já defendeu o uso de algumas técnicas consideradas violações aos direitos humanos para o interrogatório de suspeitos de conexões terroristas.

Guantánamo chegou a contar com 779 presos logo após o ataque terrorista de 11 de Setembro de 2001 em Nova York. A maior parte deles, no entanto, foi liberada ainda no governo de George W. Bush.

Fonte: http://oglobo.globo.com

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