Publicado em 28/03/2016 as 4:18pm
Israel desiste de nomear defensor das colônias como embaixador no Brasil 53
Brasília rejeitou em agosto o candidato proposto pelo governo israelense, um empresário de origem argentina que dirigiu entre 2007 e 2013 o Conselho de Yesha
Israel desistiu finalmente de nomear Danny Dayan, um conhecido defensor das colônias nos territórios na Cisjordânia, como embaixador no Brasil, após uma disputa diplomática de vários meses com Brasília.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, "decidiu nomear Danny
Dayan como cônsul-geral em Nova York", afirma um comunicado.
Brasília rejeitou em agosto o candidato proposto pelo governo israelense, um
empresário de origem argentina que dirigiu entre 2007 e 2013 o Conselho de
Yesha, a principal organização de colonos nos Territórios Palestinos ocupados.
Dayan, nascido na Argentina, emigrou para Israel em 1971 aos 15 anos de idade.
Ele mora na Cisjordânia ocupada e é contrário à criação de um Estado palestino.
Netanyahu afirmou durante meses que não pretendia reconsiderar a nomeação. Ele
insistia que Dayan era a pessoa apropriada e que seria o único diplomata
proposto ao Brasil.
Após manter a posição firme por meses, Israel começou a ceder em meados de
março. No dia 17, o Ministério das Relações Exteriores anunciou a reabertura
das candidaturas para o posto, mas 30 minutos depois retrocedeu e afirmou que,
na realidade, havia acontecido um "lamentável erro burocrático" e que
Dayan continuava como o embaixador nomeado para o Brasil.
Nesta segunda-feira (28), fontes diplomáticas afirmaram que o processo
provavelmente será reaberto.
A vice-ministra das Relações Exteriores, Tzipi Hotovely, reagiu de maneira
positiva à nomeação para Nova York. Ela afirmou que esta é uma "declaração
importante ao mundo" de que Israel apoia um defensor das colônias
"como um representante digno do Estado".
Em fevereiro, Hotovely havia declarado que seu ministério utilizaria
"todos os meios a sua disposição para tornar válida a nomeação de Danny
Dayan".
Para Dayan, a nomeação para Nova York é uma vitória contra aqueles que pedem um
boicote a Israel por suas ações nos territórios ocupados, que influenciaram a
rejeição a sua nomeação no Brasil.
"Acredito que estas pessoas que não queriam um líder dos colonos em
Brasília agora verão um líder desta causa na capital do mundo. No fim, isto é
uma vitória", afirmou em entrevista coletiva em Jerusalém.
A construção de novas colônias, ilegal do ponto de vista da comunidade
internacional, é considerada um grande obstáculo para a criação de um Estado
palestino e para o processo de paz.
O Brasil reconheceu o Estado da Palestina em 2010. Em 2014, o governo convocou
para consultas seu embaixador em Israel para protestar pelo "uso
desproporcional da força" durante a guerra na faixa de Gaza, uma medida
criticada pelos israelenses.
Fonte: AFP