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Publicado em 19/10/2017 as 3:00pm

Mãe de sargento morto no Níger diz que Trump foi desrespeitoso com viúva em telefonema

Ao ligar para família, presidente disse que militar 'sabia no que estava se alistando'. Trump diz que deputada mentiu ao relatar frase, mas mãe do sargento afirmou que estava presente e também ouviu.

Mãe de sargento morto no Níger diz que Trump foi desrespeitoso com viúva em telefonema Myeshia Johnson chora sobre o caixão de seu marido, o sargento La David Johnson, morto no Níger, durante a recepção ao corpo do militar em Miami, na terça-feira (17). (Foto WPLG via AP)

A mãe de um sargento morto no Níger disse nesta quarta (18) que o presidente dos EUA, Donald Trump, mostrou “desrespeito” aos seus familiares durante um telefonema para oferecer condolências, enquanto eles estavam a caminho do aeroporto para receber o corpo do militar.

Trump, envolvido em controvérsia sobre a forma apropriada para presidentes demonstrarem compaixão por soldados mortos, contestou fortemente a alegação.

O sargento La David Johnson era um dos quatro militares americanos mortos há quase duas semanas e cujas famílias não tinham recebido nenhum contato de Trump até terça. A deputada Frederica Wilson disse que Trump falou à viúva que Johnson “sabia no que estava se alistando”.

A democrata da Flórida disse que estava no carro com a viúva, Myeshia Johnson, a caminho do Aeroporto Internacional de Miami para receber o corpo quando Trump telefonou. A mãe de La David Johnson, Cowanda Jones-Johnson, disse à Associated Press na quarta-feira que o relato da congressista está correto.

“Sim, a declaração está correta”, disse Jones-Johnson. “Eu estava no carro e ouvi a conversa inteira”.

O sargento La David Johnson, morto no Níger, em foto divulgada pelo Exército dos EUA. (Foto U.S. Army Special Operations Command via AP)

 Mas, segundo Trump, isso não aconteceu. Na quarta, ele declarou no Twitter: “A congressista democrata fabricou totalmente o que eu disse à mulher de um soldado que morreu em ação (e tenho prova). Triste!”

E em uma reunião na Casa Branca sobre impostos, Trump disse que ele “não falou o que a congressista disse, não disse isso em absoluto. Ela sabe disso”. Wilson não recuou de sua afirmação, sugerindo que Trump “nunca quer assumir” um erro.

“Se você é líder do mundo livre, se você é presidente dos Estados Unidos e quer expressar simpatia a uma família em luto, a uma viúva em luto, você escolhe suas palavras cuidadosamente”, disse Wilson à AP na quarta. “E todos sabem que Donald Trump não escolhe suas palavras cuidadosamente”.

“Ela estava chorando o tempo todo”, disse ela sobre a viúva. “E a pior parte disso: quando ele desligou, você sabe o que ela se virou para mim e disse? Ela disse que ele nem se lembrava do nome de seu marido”.

Como presidentes antes dele, Trump tem feito contato pessoal com algumas famílias de soldados mortos, mas não todas. A diferença é que Trump foi o único entre eles a transformar em uma disputa política quem agiu melhor para honrar os mortos de guerra e seus parentes.

Ele se colocou no topo da lista, dizendo na terça, “acho que telefonei para todas as famílias daqueles que morreram”, enquanto os presidentes anteriores não o fizeram.

Mas a Associated Press encontrou familiares de quatro soldados que morreram no exterior durante a presidência de Trump que disseram nunca ter recebido telefonemas dele. Parentes de dois também confirmaram que não receberam cartas. E há provas abundantes de que Barack Obama e George W. Bush – que enfrentaram muitas mais vítimas de combate do que as cerca de duas dúzias até agora sob Trump - adotaram passos minuciosos para escrever, ligar ou encontrar famílias militares desamparadas.

Depois que seu filho que estava no exército morreu atropelado por um veículo blindado na Síria em maio, Sheila Murphy diz que não recebeu nenhum telefonema ou carta de Trump, apesar de ter esperado meses por suas condolências e ter escrito a ele que “em alguns dias não quero viver”.

Em contraste, Trump telefonou para confortar Eddie e Aldene Lee cerca de dez dias depois que seu filho morreu em uma explosão durante uma patrulha do exército no Iraque, em abril. “Rapaz adorável”, disse Trump, segundo Aldene. Ela achou que foi uma palavra bonita de se ouvir sobre seu filho, “adorável”.

A demora de Trump em discutir publicamente a perda de homens no Níger não pareceu ser extraordinária, julgando por exemplos anteriores, mas sua politização do assunto sim. Ele chegou ao ponto de citar a morte do filho do secretário de Estado John Kelly no Afeganistão para questionar se Obama tinha honrado apropriadamente os militares mortos.

Kelly era general da marinha no governo Obama quando seu filho Robert, também da marinha, morreu em 2010. “Vocês poderiam perguntar ao general Kelly, ele recebeu um telefonema de Obama?”, questionou Trump à rádio Fox News.

Um funcionário da Casa Branca disse mais tarde que Obama não telefonou para Kelly, mas não respondeu a perguntas sobre outras formas de contato terem sido feitas. Kelly, que esteve ausente de alguns eventos públicos na Casa Branca na terça, estava sentado ao lado do presidente na reunião sobre impostos na quarta, mas não se dirigiu aos repórteres.

Democratas e alguns ex-oficiais do governo ficaram chocados, acusando Trump de “crueldade inata” e “jogo doente”.

A senadora democrata Tammy Duckworth, de Illinois, uma veterana do Iraque que perdeu as duas pernas quando seu helicóptero foi atacado, disse: “eu apenas gostaria que o comandante chefe parasse de usar famílias de Estrelas Douradas como peões em seja lá qual for o jogo doentio que ele está tentando jogar aqui”.

Por seu lado, famílias de Estrelas Douradas, que perderam membros em ações militares, disseram à AP que atos de bondade particular de Obama e Bush durante seus mandatos os consolaram.

Trump inicialmente alegou que ele era o único entre os presidentes que se certificava em ligar para as famílias. Obama pode ter feito isso ocasionalmente, ele disse, mas “outros presidentes não telefonavam”.

Ele se mostrou confuso quando registros deixaram claro que sua afirmação era falsa. “Eu não sei”, disse ele sobre ligações passadas. Mas ele disse que seu próprio costume era o de telefonar para todas as famílias de militares mortos.

Mas isso não aconteceu.

Nenhum protocolo da Casa Branca exige que presidentes falem ou se encontrem com as famílias de americanos mortos em ação – uma tarefa impossível em estágios sangrentos de guerra. Mas eles muitas vezes o fazem.

No total, cerca de 6.900 americanos foram mortos em guerras no exterior desde os ataques de 11 de setembro de 2001, a grande maioria durante os mandatos de Bush e Obama.

Apesar da imensamente maior carga em sua época – mais de 800 mortos por ano entre 2004 e 2007 – Bush escreveu a todas as famílias e se encontrou ou falou com centenas, se não milhares, disse seu porta-voz, Freddy Ford.

Grupos de veteranos disseram não ter queixas sobre como presidentes reconheceram os falecidos ou suas famílias.

“Não acho que exista nenhum presidente que eu conheça que não tenha telefonado para as famílias”, disse Rick Weidman, cofundador e diretor executivo dos Veteranos do Vietnã da América. “Presidente Obama e presidente Bush ligavam sempre. Eles também visitavam regularmente o Walter Reed and Bethesda Medical Center, à noite e aos sábados”.

Trump discutiu com uma família Estrela Dourada durante a campanha eleitoral em 2016, criticando os pais do capitão do exército Humayun Khan, que morreu no Iraque em 2014, depois que eles o criticaram no palco de uma Convenção Nacional Democrata.

Fonte: Por Associated Press

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