Publicado em 26/10/2017 as 5:00pm
O escândalo - ou não - do urânio de Clinton
No domingo passado, o jornal The Hill publicou uma reportagem sobre uma campanha secreta e...
No domingo passado, o jornal The Hill publicou uma reportagem sobre uma campanha secreta e ilegal do governo russo para tentar comprar influência de Hillary Clinton, secretária de Estado do então presidente Barack Obama. Em 2009, quando o FBI descobriu o esquema de tentativa de suborno, infiltrou um informante na quadrilha russa. Em 2010, sem revelar essa questão de tentativa de compra de influência no Departamento de Estado, o FBI prendeu 10 espiões russos.
Paralelamente, na mesma época, o FBI estranhou – segundo a reportagem – um pagamento de meio milhão de dólares à Fundação Clinton, para que o ex-presidente Bill desse uma palestra na Rússia, para um banco ligado ao Kremlin.
Naquela ocasião, o Departamento de Estado era apenas uma das 9 agências do governo americano que analisavam um pedido do governo russo para aprovar a compra ações de uma mineradora canadense, Uranium One, controladora de 20% das reservas estratégicas de urânio dos EUA. Segundo o jornal The Hill, o banco que pagou a Fundação Clinton, Renaissance Capital, tentava promover o negócio da compra das ações. Hillary diz que na época não sabia da investigação do FBI sobre tentativas de suborno – o que é coerente com a informação passada por parlamentares dos dois partidos e com o fato de que, até 2014, a investigação corria sob segredode justiça. Porém, segundo relato recente do advogado do informante do FBI, o chefe de Hillary, o então presidente Barack Obama, sabia da investigação. Por isso, disse o advogado, o informante ficou atônito quando soube da aprovação da compra das ações da Uranium One (ainda em 2010).
Detalhes importantes:
- Hillary não foi pessoalmente investigada nesse caso, só a quadrilha russa. O Departamento de Justiça não viu indício de que a então secretária tenha feito nada de errado que justifique torna-la alvo de investigação.
- O grosso dessa complicada história já tinha aparecido no "New York Times" em abril de 2015.
- Nove agências aprovaram o negócio (não somente o Departamento de Estado) e Hillary diz não ter participado do processo decisório – o que seria normal e foi confirmado por ao menos um membro do comitê de aprovação.
- O partido republicano quer saber se Hillary cometeu um crime vendendo influência e abriu uma espécie de CPI – investigação parlamentar, política.
- Donald Trump disse que esse é um caso “que a imprensa fake não cobre.” Mas tanto cobre que foi revelado em 2015 pelo NYTimes e agora, com novos detalhes, pelo The Hill – jornal tradicional.
- Mesmo controlando a mineradora Uranium One, os russos não podem exportar o urânio americano para fora dos EUA.
Fonte: g1.globo.com