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Publicado em 5/03/2018 as 4:00pm

Dá para ir até a China de carro? Casal brasileiro foi e conta a história

Joselle Pinheiro e Amandio Palhares vivem sonho de "dar a volta ao mundo" em uma pequena casa sobre rodas.

Dá para ir até a China de carro? Casal brasileiro foi e conta a história Amandio Palhares e Joselle Pinheiro realizando o sonho de chegar ao Alaska.

Amandio Palhares e Joselle Pinheiro parecem ter uma vida comum. São casados faz 23 anos, têm dois filhos e há 11 anos comandam um restaurante em Goiânia (GO). Desde 2007, porém, a rotina dos dois foge bastante do habitual. Sempre a bordo de uma "casa sobre rodas" -- no caso, uma picape com caçamba adaptada -- ambos já viajaram 175 mil quilômetros passando por cinco continentes: América do Sul, América Central, América do Norte, Ásia e Oceania.

"Era um sonho antigo, de mais de 15 anos. Sempre gostava de viajar, mas não tinha tempo. Um dia levei uma moto que tinha para fazer manutenção e, na oficina, encontrei um rapaz que estava preparando a moto dele para fazer uma viagem até os Estados Unidos. Aquilo me inspirou muito", conta Amandio.

A ideia foi compartilhada com a esposa no mesmo dia, mas ficou praticamente "adormecida". Até que, em 2007, ambos tomaram coragem de fazer um percurso de 13 mil quilômetros até a Patagônia (Chile) a bordo de uma Toyota Hilux. "Escolhemos ir no verão porque seria mais fácil e seguro". O sucesso da expedição os motivou a fazer outra de 16 mil km em 2009, agora no inverno: Machu Picchu (Peru), também de Hilux.

O SONHO DO ALASKA

O casal quis, então, concretizar o sonho despertado pelo misterioso motociclista viajante: ir ao Alaska, Estado dos EUA localizado no extremo norte das Américas. Planejaram todo o roteiro detalhadamente entre 2010 e 2011, só que houve um imprevisto: a Hilux foi roubada, adiando os planos em um cerca de ano.

Em 2013, Amandio resolveu comprar outra picape, uma Chevrolet S10 4x4 diesel. Com ela, o casal de empresários enfim pôde colocar em prática o roteiro de ida e volta ao Alaska, um percurso de 65 mil km que durou 10 meses. O único apoio veio de uma empresa goiana de energéticos, que bancou o combustível.

Pensa que é possível cruzar as três Américas integralmente de carro? Pois o casal responde: não. "Entre Colômbia e Panamá não existe estrada, muito por questões políticas. Tivemos de ir a Cartagena, no litoral da Colômbia, para colocar a picape num navio e pegá-la já no Panamá", relata Amandio.

No México foi preciso fazer outra adaptação. "A polícia nos recomendou que não atravessássemos o norte do país por questões de segurança. Então fomos à Cidade do México e, de lá, seguimos até a costa oeste. Cruzamos o golfo [da Califórnia] de navio e subimos em direção aos EUA pelo litoral", explica.

Missão "duplo-A": Ásia e Austrália

Amandio e Joselle não imaginavam, mas o feito de chegar ao Alaska num carro brasileiro os tornaria conhecidos entre quem gosta de viagens e também entre empresas. Tanto que algumas companhias, incluindo a General Motors, fabricante da S10, resolveram patrocinar a nova expedição que a dupla tinha em mente, dessa vez rumo à Ásia.

Uma nova picape foi cedida ao casal, equipada com uma pequena "casa" de quatro metros quadrados acoplada à caçamba. Lá os companheiros tinham à disposição cama de casal retrátil, banheiro e cozinha com fogão e geladeira.

Os dois saíram de São Paulo em novembro de 2016 rumo a Buenos Aires. De lá, colocaram o veículo num navio e foram de avião até Kuala Lumpur, capital da Malásia. O plano inicial seria passar por Tailândia, Mianmar, Nepal e índia. Entretanto, entraves políticos para ingresso de estrangeiros entre Tailândia e Mianmar forçaram o casal a mudar os planos. Da Malásia passaram por Singapura, depois Tailândia, Camboja, Laos e, enfim, China.

Para trafegar em território chinês -- país que restringe a circulação de carros estrangeiros --, Joselle e Amandio tiveram de obter uma autorização do governo, que incluía uma carteira de habilitação provisória e uma placa, também provisória, indicando o destino final. Os trajetos foram pré-fixado e um guia os acompanhou durante durante todo o tempo. "Você não tem poder de decisão nenhum. São eles que definem tudo: por onde você vai passar e onde vai parar", diz Amandio.

O casal acabou inserido em um comboio com outros viajantes que iam ao mesmo destino. Como havia motos no grupo e estas são proibidas de passar por rodovias, todo o percurso foi feito por estradas vicinais, quase sempre com nível de conservação ruim. A sinalização, toda em mandarim, era ininteligível. Comunicação com nativos? Quase impossível, visto que na China é raro alguém saber falar inglês. "Pegamos muita lama e muito buraco. Rodávamos nove, 10 horas por dia e não avançávamos mais do que 300 km, o que é bem pouco", conta o marido.

Sete meses e 27 mil quilômetros depois (sendo 8 mil km só na China), Amandio e Joselle enfim chegaram ao norte chinês, quase fronteira com a Mongólia. De lá rumaram ao porto de Tianjin, onde novamente colocaram a S10 para cruzar o oceano num navio, agora rumo à Austrália.

Na "ilha dos cangurus" encontraram um cenário totalmente diferente. "Foi um sonho em termos de segurança, clima e natureza", elogia Joselle. "Eles também respiram campismo. Há mais campings que hotéis em algumas cidades. Era difícil até achar uma vaga em clubes campismo para passar a noite", acrescenta.

Após três meses e 22 mil quilômetros rodados pela costa e também pelo centro da Austrália, os parceiros regressaram à América do Sul de avião e, novamente, esperaram o carro chegar de navio por Montevidéu (Uruguai). Ainda sobrou fôlego para rodarem por mais cinco meses e 18 mil km até Ushuaia, no extremo sul da América do Sul. Um ano e três meses depois, ufa... voltaram a Goiânia.

Fonte: Redação - Brazilian Times

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