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Publicado em 4/10/2018 as 4:00pm

Senadores republicanos criticam Trump após ele debochar de professora

A educadora Christine Blasey Ford acusa o juiz Brett Kavanaugh de tê-la atacado sexualmente.

Senadores cujos votos podem ser decisivos para garantir a aprovação do juiz Brett Kavanaugh à Suprema Corte dos Estados Unidos criticaram o presidente Donald Trump nesta quarta (3) por ter debochado da professora Christine Blasey Ford, que acusa o magistrado de tê-la atacado sexualmente, o que lança ainda mais dúvida sobre o desfecho do processo.

Durante um ato de campanha no estado de Mississippi na noite dessa terça (2), o republicano zombou do fato de a vítima não se lembrar dos detalhes do incidente, que teria ocorrido no início da década de 80.

"Como você foi para casa? 'Eu não lembro'. Como você chegou lá? 'Eu não me lembro.' Onde fica o lugar? 'Eu não me lembro'. Há quantos anos foi isso? 'Eu não sei'. 'Eu não sei! Eu não sei!'", disse, em meio a risadas e aplausos do público, referindo-se às respostas de Ford durante a audiência no Senado na última semana dentro do processo de nomeação de Kavanaugh para a mais alta corte do país.

Depois de dizer que a professora também não se lembrava do bairro, de onde ficava a casa e de que a única coisa de que se recordava daquele dia era de ter bebido uma cerveja, saiu em defesa de Kavanaugh: "E a vida de um homem está em farrapos. A vida de um homem está destruída".

A falta de clareza sobre os pormenores do episódio foi um dos motivos pelos quais Ford solicitou uma investigação do FBI (polícia federal americana) dos fatos, para que tudo fosse esclarecido. O pedido foi atendido por líderes republicanos e por Trump após o senador republicano Jeff Flake dizer que votaria a favor do juiz desde que as apurações sobre o incidente fossem realizadas, levando a um atraso no processo.

Criticaram a atitude do presidente os senadores republicanos Susan Collins, Lisa Murkowski e Flake, que poderiam votar contra a indicação do partido, que apoia a nomeação do juiz conservador, no plenário do Senado.

A votação final deve ser realizada ainda nesta semana, segundo Mitch McConnell, líder da maioria na casa, assim que o relatório do FBI sobre as investigações for entregue aos senadores (a previsão é de que seja entregue nesta quarta). Originalmente, a sessão de aprovação estava prevista para esta terça.

Flake disse que "não há tempo ou lugar para considerações como essas. Discutir algo tão sensível assim em um comício político não é certo". "Eu queria que ele não tivesse feito isso, e eu apenas digo que é meio chocante", afirmou em entrevista à emissora NBC.

Poucas horas depois, Collins disse a repórteres que os comentários do presidente "foram errados". Ela não disse se o episódio teria influência sobre o seu voto.

Já Murkowski afirmou que considerou o deboche "totalmente inapropriado" e "inaceitável". Questionada sobre o impacto que teria em seu voto, disse que está "levando tudo em conta".

Outros correligionários do presidente criticaram a sua postura. O presidente do Comitê Judiciário do Senado, Chuck Grassley, pediu para que as pessoas "parassem com os ataques pessoais e a destruição da Dra. Ford e de sua família, ou do juiz Kavanaugh e de sua família." Já Orrin Hatch disse que desejava que Trump "apenas ficasse de fora disso."

A secretária de imprensa da Casa Branca, Sarah Sanders, defendeu o presidente, afirmando que ele estava apenas "constatando fatos". Mais cedo, Kellyanne Conway, uma das principais assessoras de Trump, também saiu em defesa do chefe, dizendo que Ford tem sido muito bem tratada por todos e que o republicano apenas apontou "inconsistências factuais."

O tom dos ataques de Trump a Ford foi aumentando ao longo das semanas. No começo, evitava se referir à professora, focando no discurso de que Kavanaugh era a verdadeira vítima. Não demorou muito tempo até dizer que era "muito difícil imaginar" que algo tivesse ocorrido entre os dois.

O primeiro ataque direto à professora foi quando afirmou que "se o ataque tivesse sido tão grave quanto ela diz, as acusações teriam sido imediatamente registradas junto às autoridades da lei por ela ou por seus amados pais."

No mesmo dia em que debochou da professora, Trump disse que "é um tempo muito assustador para homens jovens nos Estados Unidos, em que você pode ser culpado por algo de que talvez você não seja culpado."

A continuidade do processo de nomeação de Kavanaugh para a Suprema Corte foi aprovada, por 11 votos a 10, no Comitê Judiciário do Senado na última sexta (28), em uma sessão tumultuada. Ele ainda precisa ser aprovado no plenário do Senado por ao menos 50 votos (a casa tem 51 republicanos, o que conta a seu favor).

Mais de 50 manifestantes contra Kavanaugh foram detidos na última semana pela polícia do Capitólio. Alguns senadores chegaram a solicitar escolta policial para chegar ao Capitólio nesta semana para evitarem ser confrontados por ativistas.

Três mulheres acusam o juiz de algum tipo de delito sexual. Ele nega todas as acusações. Ele é o segundo nome indicado por Trump para a Suprema Corte. O primeiro foi Neil Gorsuch, conservador moderado que assumiu em abril de 2017.

Caso seja aprovado, o equilíbrio da corte será alterado: serão quatro juízes progressistas contra cinco conservadores.

Mas se a nomeação não for adiante, e as eleições legislativas de novembro resultem em uma maioria democrata no Congresso, o processo pode se alongar para até depois de 3 de janeiro, quando assume a nova legislatura, o que dificultaria os planos de Trump.

Fonte: Com informações da Folhapress

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