Professor universitário em Maryland, brasileiro luta contra racismo e busca igualdade para imigrantes

Quando Jonathan Jayes-Green se apresentou a um grupo de ativistas estudantis negros em Baltimore para falar sobre o Maryland DREAM Act vários anos atrás, Jayes-Green se sentiu inseguro quanto a procurar ajuda. Como um afro-panamenho que cresceu sem documentos no estado, eles não esperavam que os líderes da juventude negra assumissem uma questão de imigração como se essa fosse sua luta também.

Mas Jayes-Green ficou animado quando viu os estudantes negros batendo em suas portas e dando entrevistas coletivas em apoio aos estudantes indocumentados. “Eles sabiam o que era estar do lado oposto de um sistema que não reconhece o seu trabalho e queriam lutar contra as injustiças onde quer que o vissem”, disse Jayes-Green, de 28 anos. “Jovens crianças afro-americanas em Baltimore são meu povo. Nós somos um, vamos nos defender”.

Embora nem sempre tenha sido o caso no passado, hoje ativistas nas comunidades negra e latina de Baltimore têm trabalhado cada vez mais unidos para lutar por uma série de questões de justiça social. Organizações multirraciais como The Intersection, Baltimore Algebra Project e SOMOS abordaram a equidade escolar, enquanto outras trabalham com equidade digital e traduzem essas reuniões para o espanhol.

Em agosto e setembro, uma coalizão, o Latino Racial Justice Circle, co-organizou três comícios pelo Black Lives Matter junto com outros grupos religiosos e de justiça social. E o grupo diversificado, “Campaign for Justice, Safety and Jobs”, centrado na reforma policial e justiça racial, agora é composto por 34 organizações e mantém reuniões bilíngues de três a quatro vezes por ano.

“Há mais pessoas que estão realmente trabalhando para quebrar essas barreiras e entendem que nossa segurança e libertação coletivas estão interligadas”, disse Ralikh Hayes, 27, vice-diretor da Organizing Black, uma organização popular de Baltimore focada na libertação negra que trabalha para organizar cidadãos e envolver mais a comunidade no governo.

“Os ativistas dizem que o trabalho deles é confrontar preconceitos e tensões entre as comunidades negra e latina, como a competição por empregos e a percepção entre alguns latinos de que os negros são perigosos”, disse Felipe A. Filomeno, professor associado de Ciência Política e Estudos Globais da a Universidade de Maryland, no Condado de Baltimore.

Ele é brasileiro e co-presidente do Latino Racial Justice Circle, fundado em 2015 depois que os membros perceberam que, embora imigrantes, americanos brancos e afro-americanos compartilhassem espaços religiosos, raramente se engajavam no diálogo com a comunidade.

O grupo que tem 30 membros realizou um workshop chamado “Conversas Honestas” para debater estas diferenças e pensamentos. Até agora, já realizou o workshop em parceria com quatro paróquias católicas e, de acordo com o brasileiro, os afro-americanos e latinos estão fazendo conexões sobre a discriminação que ambos os grupos enfrentam.

O trabalho do Latino Racial Justice Circle sobre a imigração se concentrou na interseção do racismo e da xenofobia. Filomeno falou sobre o longo legado de racismo na América Latina e como eles podem perpetuar essa ideologia nos Estados Unidos com frases em espanhol como “mejorar la raza” e “pelo malo”, que glorificam a pele branca e denigrem os cabelos com textura afro.

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Fonte: Redação Brazilian Times