Réu não quer que palavras como “chacina” sejam usadas em julgamento de massacre na Flórida

O juiz que supervisionará o julgamento do atirador da chacina ocorrida num High School em Parkland (FL), Nikolas Cruz, de 22 anos, não acatou um pedido inusitado feito pelos advogados de defesa do réu. Os advogados de Cruz, o ex-aluno acusado de assassinar 17 pessoas e ferir outras 17 no tiroteio mais mortal em escolas da Flórida, esta semana pediram que a juíza do Circuito de Broward, Elizabeth Scherer, proibisse advogados e testemunhas de usarem certas palavras como "massacre", "assassino" e “chacina”, alegando que tais termos possam ser “inflamatórios” e dificultar o direito do réu a um julgamento imparcial.

Scherer recusou, dizendo que muitas palavras; como “atirador escolar” e “assassino”, são “palavras ou termos normais que podem ser usados para descrever fatos específicos”. Ainda assim, em um pedido de três páginas enviado aos promotores na quinta-feira (2), Scherer disse que confia que os advogados no caso "agirão profissionalmente" e as testemunhas "exibirão um decoro de tribunal apropriado e adequado".

“Embora este tribunal não possa criar uma lista exaustiva de todas as palavras e termos que devem ou não devem ser usados no julgamento para descrever os fatos apresentados, este tribunal está confiante de que as partes concordam que palavras e termos depreciativos não devem ser usados”, escreveu Scherer em seu pedido. “Por exemplo, referir-se a qualquer indivíduo durante um julgamento como um 'animal' ou 'aquela coisa' é totalmente inapropriado”.

Cruz enfrenta a pena de morte pelo massacre ocorrido na Marjory Stoneman Douglas High em Parkland (FL) em 14 de fevereiro de 2018. Ele se declarou inocente.

O Broward Public Defender’s Office, que representa Cruz, ofereceu-se para que ele se declarasse culpado em troca de uma sentença de prisão perpétua. O Ministério Público do Estado rejeitou a oferta. Nenhuma data de julgamento foi definida.

Os advogados de defesa também estão pedindo para revisar o testemunho dado a um grande júri estadual que se reuniu após o massacre para avaliar quais falhas do sistema levaram ao tiroteio na escola. De acordo com a lei da Flórida, os procedimentos do grande júri são secretos e os advogados de defesa não têm o direito de revisar o testemunho antes do julgamento. Os promotores se opõem à medida. O juiz ainda não se pronunciou sobre o assunto.

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