Publicado em 20/08/2022 as 1:30am
Departamento de Polícia de Nashua realiza o National Night Out
Membros da comunidade brasileira apoiam evento. Muitas vezes, falar em trabalho policial...
Membros da comunidade brasileira apoiam evento.
Muitas vezes, falar em trabalho policial remete à ideia de homens e mulheres fardados, armados, invadindo casas para apreensão de drogas ou guardando lugares demarcados como cenas de crimes.
Os menos dramáticos, costumam se lembrar da polícia apenas quando o medo de ser parado no trânsito pela falta de alguma documentação os assalta.
Verdade é que a polícia se ocupa legitimamente dessas atividades e é muito bom que o faça, afinal, eles estão aí para manter tudo em ordem.
Entretanto, o National Night Out, evento que acontece anualmente e é promovido por todos os departamentos de polícia de cada região, vem ampliando a forma de se enxergar o trabalho policial nos Estados Unidos.
Ocorrido no início do mês de agosto em Nashua / NH, o National Night Out foi realizado em parceria com o Boys and Girls Club, espaço voltado para programas extraclasse para o público em idade escolar.
Voltado para a família, a programação incluiu música, comidas típicas e diversas apresentações com alguns agentes que foram a atração principal para muitas crianças presentes: os cães policiais.
Demonstrando suas habilidades e treinamentos especiais, eles foram para muitos, o ponto alto do National Night Out.
A Coordenadora de Policiamento Comunitário, Bárbara Costa, brasileira que trabalha em Nashua há cerca de 14 anos, foi uma das responsáveis pela produção do evento.
Em termos gerais, o trabalho de Bárbara consiste em “estreitar” os laços entre a comunidade e o departamento de polícia, levando informações à população local e buscando meios para que todos tenham acesso aos serviços prestados não só pelo departamento, como também por instituições parceiras.
Segundo a coordenadora, sua função é garantir, principalmente à comunidade de imigrantes, o acesso aos benefícios de segurança e bem-estar social que já existem, aos quais todos têm direito.
“Hoje, meu trabalho me permite não ter que precisar de recursos públicos para que eu possa garantir o sustento de minha família.
Porém, como mãe solteira de duas filhas, sei o que é ter que precisar ter acesso a certos serviços, por isso, sinto-me na obrigação de trabalhar em prol da comunidade, mormente a brasileira, que muitas vezes não consegue usufruir de coisas básicas que estão a seu dispor, simplesmente por falta de informação”, afirmou Bárbara, que também descreveu como o departamento se preocupa em fornecer aos seus policiais os recursos necessários para lidar com a comunidade de imigrantes em geral.
“Hoje, nós trabalhamos com uma intérprete no atendimento ao público por telefone, o que agiliza o trabalho de todos os policiais efetivos.”
Kevin Rourke, Chefe do Departamento Policial, ressaltou: “Penso que sempre que pudermos ter eventos como estes em que nos encontremos com a comunidade de imigrantes, teremos benefícios para os dois lados, pois todos terão a oportunidade de conhecer quem somos e quais os principais objetivos do nosso trabalho.”
Além de chefe Rourke, representantes de outras instituições também avaliaram positivamente o National Night Out.
Thayane Peterson, brasileira que trabalha na Bridges Domestic & Sexual Violence Support, explicou como funciona o trabalho da instituição, que também estava presente com um stand de informação no local.
A assessora esclareceu que o trabalho da Bridges é auxiliar vítimas em geral de qualquer tipo de violência doméstica, ajudando imigrantes e refugiados a serem acompanhados com serviços jurídicos, terapêuticos e afins.
“Como defensora, meu objetivo é ajudar os imigrantes e demais pessoas que estão enfrentando qualquer tipo de violência, como estupros, torturas e outros.
No entanto, sabemos que os abusos não são apenas físicos, pois não são poucos os imigrantes que vêm para cá com diversas promessas na bagagem e ao entrarem em alguma casa ou local de trabalho são abusados moral e psicologicamente.
Muitos imigrantes ilegais, quando se veem nessa situação, não costumam procurar a polícia por medo de serem deportados, em função do seu status imigratório, o que acaba gerando um ciclo vicioso.
Nós, da Bridges, estamos aqui para romper com esse ciclo e auxiliar as vítimas e o departamento de polícia a promover maior segurança pública para todos” esclareceu Thayane.
Certamente, as famílias e todas as pessoas de bem de Nashua agradecem todo esse empenho.
Anna Tygrezza Rodrigues é jornalista, radialista, escritora e revisora textual.