Publicado em 3/09/2014 as 12:00am
Manifestantes pedem o fim das deportações nos Estados Unidos
Os imigrantes têm a esperança de que Barack Obama alivie a situação de 11 milhões de pessoas em situação irregular no país
"São os últimos
esforços para pressionar o Executivo a ordenar o fim das
deportações", disse à AFP o jovem americano. Com cartazes com
frases de efeito como "Não deportem os trabalhadores" e
"Esta é uma nação de imigrantes", dezenas de ativistas e
estrangeiros, principalmente latino-americanos, marcharam da sede da
presidência até o prédio da agência de imigração, a ICE
(Immigration and Customs Enforcement).
Em seguida, 138
manifestantes se separaram do grupo e se sentaram no meio-fio,
esperando, um por um, para serem algemados e transportados em uma van
da polícia. O número de prisões foi o mais alto durante um
protesto a favor dos imigrantes, de acordo com um ativista. As
detenções, que geralmente são pacíficas e duram de algumas horas,
fazem parte do conjunto de táticas altamente visíveis do movimento
pró-imigrantes.
A manifestação em
Washington foi o centro de uma jornada de protestos chamada de "O
dia decisivo", diante da promessa de Obama de não adiar sua
decisão para depois do início do outono. "Chega! É como se o
presidente Obama não fizesse nada para mudar a situação das
famílias dos imigrantes", criticou Ana Sol Gutierrez,
legisladora do estado de Maryland, momentos antes de ser algemada.
Sol, que afirma estar acostumada a atos de desobediência civil desde
as manifestações contra o apartheid, na África do Sul há três
décadas, insiste em protestar pelos imigrantes. "Há pressão
do outro lado para que nada seja feito. Temos que contra-atacar",
disse à AFP.
"Apenas belas palavras"
De
volta a Washington depois das semanas de férias, Obama se prepara
para tratar deste problema delicado, que ganha importância especial
às vésperas das eleições legislativas, em novembro. Mas uma
viagem do presidente para a Estônia e o Reino Unido, prevista para a
próxima semana, pode adiar uma decisão executiva sobre a imigração.
Os manifestantes concordam que Obama tem poderes constitucionais para
pôr fim às deportações, que atingiram níveis recordes durante a
sua administração, e acreditam que esta seria uma medida
urgente.
"As famílias estão sendo separadas e morrendo
na tentativa de alcançar o sonho americano", lamentou Rodolfo
Lopez, referindo-se ao aumento do número de imigrantes, incluindo
crianças desacompanhadas, que cruzam ilegalmente a perigosa
fronteira com o México. "O presidente tem que cumprir sua
promessa", acrescentou Lopez. Uma das opções de Obama seria
ampliar a Ação Diferenciada para a Chegada de Jovens (DACA, na
sigla inglesa), um programa lançado em 2012 que oferece permissões
de estadia temporária e a possibilidade de buscar trabalho para os
jovens que atravessam a fronteira ilegalmente antes dos 16 anos,
conhecidos como "sonhadores".
De acordo com Ana Sol
Gutierrez, os pais dos "sonhadores" e de outros imigrantes
ilegais cujos filhos nasceram nos Estados Unidos poderiam ser
incluídos no DACA, o que beneficiaria cerca de cinco milhões de
ilegais. "Ele tem poder executivo para mudar a situação
enfrentada por muitos imigrantes", disse a parlamentar,
argumentando que o governo "não tomou nenhuma atitude, além de
dizer belas palavras."
Miriam Garcia, uma mexicana em
situação irregular que é mãe de três cidadãos americanos,
estava disposta a ser presa para que, de acordo com ela, Obama visse
o "esforço para sair das sombras." O presidente previu, no
início de 2013, que uma lei para regularizar a situação dos
milhões de imigrantes ilegais estaria perto de ser adotada. Embora o
projeto de lei tenha sido aprovado no Senado, dominado pelos
democratas, a perspectiva de um consenso com os republicanos da
oposição no Congresso rapidamente desapareceu.
Fonte: Da redação