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Publicado em 15/08/2022 as 10:30pm

Coluna da Arilda

Entrevista com a escritora Eliana Marcolino Eliana Marcolino Eliana Marcolino é natural...

Entrevista com a escritora Eliana Marcolino

Eliana Marcolino

Eliana Marcolino é natural de Capitão Andrade em Minas Gerais e atualmente mora em Marlborough, Massachusetts, EUA. Ela é jornalista, professora da Universidade Vale do Rio Doce-UNIVALE, documentarista, Doutora em Comunicação Social, escritora e autora dos livros Cartas pra Elas (2016) e Comunicação e Loucura (2005).

Ela é membro da Academia Internacional de Literatura Brasileira e também é membro da Academia Valadarense de Letras. 

Ela é coordenadora do projeto “Cartas pra Elas” e colabradora do “Cultural Agents” da Harvard University em 2019.

A jornalista Eliana vem se dedicando às letras, experimentando a linguagem literaria em três idiomas: português, español e inglês.

Por isso seus poemas tem uma mescla das três línguas.   

 

Há quanto tempo você se dedica a escrever livros? 

Meu primeiro livro “Comunicação e Loucura” foi publicado em 2005, como prêmio da minha dissertação de mestrado pela Universidade Metodista de São Paulo a Umesp. 

Esse é um livro técnico e científico. Biografias e poemas, escrevo desde 2015. 

O seu tema favorito, o que te inspira? 

Histórias de vida é a minha maior inspiração.

Adoro ler biografias e escrever sobre as pessoas e histórias reais. 

Qual o seu ritual no processo de criação dos seus textos? 

Eu faço um roteiro, tenho toda a estrutura da narrativa em minha cabeça.

O segundo passo é pesquisar sobre o assunto, leio livros, vejo filmes e documentários para buscar inspiração.  

O que você escuta enquanto escreve ou você prefere o silêncio? 

Prefiro o silêncio.

De onde vem sua inspiração? 

Adoro ouvir histórias de vida.

Geralmente quando converso com as pessoas e elas começam a me contar as suas histórias, me vem sempre um insight.  

Quanto tempo você leva para escrever um livro? 

Estou trabalhando o quarto livro, a minha média é de um ano a dois anos.  

Você aprendeu algo com alguma crítica? Se aprendeu, isso mudou o seu jeito de escrever? 

Sou muito aberta a críticas e sugestões.

Geralmente meus revisores me dão  dicas e orientações, passo os manuscritos para alguns amigos mais íntimos lerem antes de ser publicado.

Até o momento, não recebi nenhuma crítica contundente depois de publicado, mas se vier será bem-vinda, vou acolher com delicadeza. 

Você convive fraternalmente com alguém que, em público ou particular, declarou não gostar da sua literatura? 

Sim, tenho consciência de que não vamos agradar a todos.

Aprendi a ter humildade para ouvir, ainda não recebi nenhuma declaração pública, mas se alguém o fizer eu vou aceitar de maneira respeitosa e fraterna.  

Como você percebeu esta sua vontade e entendeu que seu destino era ser escritora?  

Foi por um acaso da vida. Sempre achei que escrever um livro fosse para seres muito iluminados e especiais, para gênios.

Infelizmente a escola não nos ensina a ser escritor, muito mal a ser leitor.

Porém, a história de vida de uma amiga atravessou a minha vida deu uma forma muito intensa, foi diante do sofrimento de uma amiga que eu disse: amiga, vamos transformar este teu sofrimento em poesia, ela me disse, poesia eu não sei, mas quem sabe podemos escrever a minha história de vida.

No mesmo dia elaborei o roteiro do livro e começamos a escrever o “Cartas pra Elas: uma história de vida”.

 É a biografia de uma jovem, cuja mãe fora assassinada, o pai morreu de câncer e o então marido HIV +.

O livro trabalha com três campanhas: Luta contra a violência feminina, câncer e AIDS. 

A partir da escrita desse livro me veio o desejo de escrever outras biografias.

Por isso estamos lançando o “Cartas pra Elas 2: Muitas histórias em nossas vidas.  

Quais eram os passatempos que te levaram a querer contar histórias?  

Não diria passatempos, mas a minha trajetória profissional como jornalista, documentarista e professora, essas profissões são estimulantes e convidativas para se narrar histórias do cotidiano.  

De onde vêm os seus personagens? São inspirados em pessoas reais ou em fatos?  

São histórias reais. 

Como surgiu a ideia de escrever seu mais recente livro? 

O livro “Cartas pra Elas 2: Muitas Histórias em nossas vidas é a continuidade do “Cartas pra Elas 1”.

Eu e a minha amiga Dulce Gil, somos parceiras neste projeto.

A partir dessa experiência, as autoras lançaram o desafio para a escrita do Cartas pra Elas 2: muitas histórias em nossas vidas que reúne narrativas para a busca coletiva de superação.

O livro é composto por nove cartas biográficas.

Cada carta forma um capítulo, em cada capítulo uma história e em cada história, um tema para reflexão.

As histórias são reais, escritas exclusivamente para este livro. 

Qual será seu próximo livro? 

Estou concluindo mais uma biografia, é a história de um brasileiro que vive aqui nos Estados Unidos, ele é bem conhecido na comunidade, mas ele me pediu sigilo.

Em breve iremos anunciar o lançamento.

O livro está ficando bem interessante porque narra os desafios de um imigrante. 

É uma história muito emocionante. 

Três coisas que ainda estão na sua lista de desejos. 

Viajar mais, eu adoro viajar, as viagens me revigoram e me trazem inspiração .

Produzir um documentário sobre o livro “Cartas pra Elas”. 

Publicar os meus livros em inglês e espanhol. 

Quem você diria que são seus antepassados literários, aqueles de quem você aprendeu mais:

Sou grande admiradora de dois maranhenses: Aluísio Azevedo que é o meu patrono na Academia Valadarense de Letras e Maria Firmina dos Reis, a primeira romancista negra brasileira, aprecio muito a narrativa da Maria Firmina.

 Sempre observei a forma como Machado de Assis descreve os seus personagens.  

O que seus textos trazem como inspiração para outras pessoas? 

Os meus livros falam de sofrimento de desafios e superação. São histórias inspiradoras.

Cada carta traz um tema para reflexão. Na carta n.2 por exemplo, eu falo sobre a minha experiência no processo de emigração, lanço mão de versos poéticos para falar da dor da separação.

“Mãe que é mãe tem insônia. Não dorme, não descansa, se cansa, fica em stand by.

Como dormir sabendo que o filho não está aqui?  Não está nos braços de quem poderia protegê-lo. 

Eu sou mãe e sinto a dor mais doída da Sofy, da Luísa, da Helem do Kinder e do Elian.

Minha memória não apaga a tragédia do menino cubano, Elián González, que viu sua mãe sendo devorada pelos mares, ela morreu na travessia. 

Ave Maria! Quanto choro, quanta dor, quantas lágrimas.

Amiga, eu fico a pensar em quantas voltas este mundo dá, mas neste vai e vem como um balanço a corda pode arrebentar e ela arrebenta sempre do lado mais fraco, sacrificando as nossas crianças. 

Não, Maria, não podemos nos conformar com tanta dor e sofrimento que não param por um momento e as nossas crianças precisando de alento. 

Ah, mãe, se você soubesse o que te espera na travessia pensaria duas vezes antes de lançar-se para esta aventura de emigrar. 

Eu não sou contra a emigração até porque emigrante sou, mas a minha indignação é com essa forma mais legitimada de opressão (Ana). 

Algum projeto na gaveta para um futuro próximo, além da literatura? 

Tenho sim, quero trabalhar com cinema e produção de documentários.  

Qual é a parte mais fácil e a parte mais difícil de se dedicar a literatura? 

Para mim a parte mais fácil é escrever a história. O maior desafio é a parceria com a editora.  

Você tem algum hábito de trabalho? Um horário específico do dia que te inspira mais? 

Eu prefiro escrever na madrugada ou acordar bem cedinho.

Mas depende muito do meu dia de inspiração, às vezes escrevo durante todo o dia.  

Qual a importância da capa do livro para você? 

Tanto a capa como o nome do livro são muito importantes para mim.

A capa é como a embalagem de um presente, a gente gosta de apreciar, para depois abrir delicadamente e ver o que tem dentro, sempre nos surpreendemos às vezes ficamos muito felizes ou podemos ter uma decepção, mas a beleza da capa convida o leitor para navegar pela obra.

O nome do livro é como se fosse o nome de um filho, penso no significado das palavras e os possíveis impactos que o nome da obra pode provocar.  

Você tem uma dica para quem quer seguir o sonho de ser escritor? 

Comece agora, não deixe para amanhã ou depois.

 Tem muita gente com projetos belíssimos na gaveta, eu desafio o leitor a materializar os seus sentimentos.

A escrita muitas vezes é terapêutica, alivia as nossas dores. Ultimamente tenho escrito alguns poemas, poemas de amor, poemas de protesto.

Além de experimentar uma nova forma de linguagem.

No mesmo poema escrevo em português, inglês e espanhol.

Porque é assim que tenho me comunicado aqui nos Estados Unidos.  

Escreva e publique, as redes sociais estão potencializando e democratizando as nossas narrativas literárias.

Vamos fazer parte do clube de operários das letrinhas o valor desse trabalho é imensurável. 

Cita o melhor momento da sua carreira como escritora até hoje? 

O melhor momento foi no lançamento do livro “Cartas pra Elas: uma história de vida” na Universidade Vale do Rio Doce. 

Recebi monumental apoio do reitor, dos colegas de trabalho e dos alunos da universidade, o auditório ficou lotado e os alunos apresentaram diversas manifestações culturais em torno do tema da obra: ensaio fotográfico de mulheres.

Teve um aluno, o Marcos André, que confeccionou um vestido feito de cartas que os colegas escreveram.

Foi um momento muito enriquecedor e emocionante. 

Guardo com carinho em minhas memórias.  

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