Coluna Debora Corsi: RETALHOS

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Conforme a definição do dicionário, retalhos significam: “Partes que se tiram, se cortam de uma coisa, especialmente de um tecido; pedaços, fragmentos”. Certamente, você já se deparou com uma colcha ou almofada feita com retalhos de tecidos. Elas chamam atenção pela criatividade e pelo colorido, mas também evidenciam o trabalho que a costureira teve para criar uma peça decorativa. Cada pedacinho de tecido que sobrou não foi desperdiçado; ao serem emendados uns aos outros, puderam formar uma nova peça para adornar o ambiente. Em uma colcha, por exemplo, vemos tecidos floridos colados nos tecidos geométricos, ambos unidos com tecidos de cores neutras. O que gostaria de chamar sua atenção é sobre os pedaços e sobras que alguém aproveitou para fazer o que desejou.

Num mundo com sete bilhões de habitantes, nem todos estão inteiros emocionalmente. Encontramos pessoas “retalhadas”, que trazem consigo pedaços que sobraram de um casamento, de uma amizade, de um trauma familiar e de um sonho frustrado. O corpo que parece inteiro caminha pelas ruas com a alma ferida, pois o que reside nela são apenas retalhos que foram emendados para continuar a jornada. Enquanto uma almofada se torna uma peça de decoração, esse processo não ocorre com o coração. Não é possível viver feliz com as sobras que as pessoas deixam em nossas vidas; não é justo remendar o fracasso do passado com a bagunça do presente e a expectativa do futuro. Quem vive através das escolhas de outros nunca será inteiro, pois deixa escondido o próprio sonho para viver as sobras que alguém deposita. É preciso aprender a escolher o que queremos viver e rejeitar as emendas. Quantos jovens desejaram seguir uma carreira diferente dos pais, mas foram obrigados a permanecer na tradição familiar? Quantas mulheres vivem em suas casas seguindo normas impostas a elas? Muitas não podem escolher nem o tamanho do cabelo que gostam. A vida é curta demais para perdermos com retalhos que outros tentam colocar em nós. Talvez não seja fácil descolar todas as emendas que nos foram impostas, mas a cada dia precisamos trocar o retalho por algo novo. A colcha não pode escolher a cor do tecido que gostaria de ser formada; nós temos o direito de separar o que nos faz bem. Hoje, faça uma reflexão sobre os retalhos que você carrega e veja se vale a pena continuar com essas sobras. É possível que você tenha lido este texto para ser despertado e aprender a escolher as cores do tecido que formam a sua essência. Isso se chama liberdade. 

 

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