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Brasileira vence o World Food Prize, em Iowa, por revolucionar a agricultura com soluções biológicas

A microbiologista brasileira Mariangela Hungria foi anunciada nesta terça-feira (14) como a vencedora do World Food Prize 2025


A microbiologista brasileira Mariangela Hungria foi anunciada nesta terça-feira (14) como a vencedora do World Food Prize 2025, um dos mais prestigiados prêmios internacionais da área de agricultura e segurança alimentar. Reconhecida por suas quatro décadas de pesquisa com soluções biológicas que dispensam fertilizantes químicos, Hungria se tornou uma referência global em práticas sustentáveis de cultivo, especialmente no plantio de soja.

Hungria receberá um prêmio de US$ 500 mil concedido pela World Food Prize Foundation, sediada em Iowa, Estados Unidos. O reconhecimento, criado em 1987 pelo vencedor do Nobel da Paz, Norman Borlaug, já foi concedido a 55 pessoas que contribuíram significativamente para o combate à fome no mundo. Agora, Hungria entra para esse seleto grupo.

“Eu ainda não acredito. A vida inteira me disseram que eu estava indo pelo caminho errado, que deveria focar nos químicos”, afirmou a cientista em entrevista. “E agora recebo o prêmio mais importante da agricultura. Às vezes acho que ainda vou acordar e ver que não é verdade.”

Desde o início de sua carreira, Hungria se dedicou a estudar a fixação biológica de nitrogênio, processo em que bactérias presentes no solo se associam às raízes das plantas, promovendo crescimento sem a necessidade de adubação química. Na década de 1980, sua abordagem era vista com ceticismo por agricultores, que temiam perder produtividade ao reduzir o uso de fertilizantes nitrogenados.

Porém, com testes em campo e trabalho direto com produtores, a pesquisadora conseguiu comprovar que era possível manter — e até aumentar — os rendimentos agrícolas por meio do uso de inoculantes biológicos. Sua metodologia foi aplicada em culturas como milho, feijão e trigo, mas foi com a soja que os resultados se tornaram mais expressivos. O Brasil, que adotou amplamente as soluções biológicas defendidas por Hungria, superou Estados Unidos e Argentina, tornando-se o maior produtor mundial de soja.

Além de reduzir custos de produção, a técnica evita a emissão de gases de efeito estufa e o escoamento de produtos químicos em rios e lagos. A cientista também destaca que seu método contribui para a preservação ambiental, tornando desnecessária a abertura de novas áreas para cultivo.

“Se você gerencia bem a lavoura, ela enriquece o solo com nitrogênio. A saúde do solo melhora quando você faz as coisas certas”, afirmou Hungria.

Apesar das críticas internacionais ao agronegócio brasileiro por conta do desmatamento, Hungria defende que práticas sustentáveis, como as que desenvolve, reduzem a pressão sobre as florestas. Seu trabalho, segundo ela, mostra que é possível produzir mais sem destruir mais.

O presidente do comitê de seleção do World Food Prize, Gebisa Ejeta, ressaltou a importância da pesquisa de Hungria: “Suas conquistas científicas extraordinárias transformaram a agricultura na América do Sul. Sua visão de avançar na produção sustentável de alimentos, aliando ciência e respeito ao meio ambiente, a consagrou mundialmente.”

A cerimônia oficial de entrega do prêmio ocorrerá em outubro, durante um encontro anual em Des Moines, Iowa, que reúne pesquisadores e autoridades do setor agrícola de todo o mundo. Com o prêmio, Mariangela Hungria consolida seu nome como pioneira de uma agricultura sustentável e reafirma o protagonismo da ciência brasileira no cenário internacional.

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