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Consultor de Trump para imigração recebeu pagamentos de empresa de centros de detenção

A nomeação de Homan como “czar da fronteira” não foi oficialmente confirmada pelo Senado, e ele declarou à imprensa que reportaria diretamente ao presidente Trump. No entanto, o documento de ética o lista como integrante do Departamento de Segurança Interna (DHS).


Tom Homan, responsável pela estratégia de deportações em massa do governo Trump, recebeu anteriormente honorários como consultor de uma das principais empresas privadas de detenção de imigrantes nos Estados Unidos, o que levanta questionamentos sobre possíveis conflitos de interesse em sua atuação atual.

Segundo um documento de ética do governo federal, Homan prestou consultoria à GEO Group, uma das duas empresas que operam a maior parte dos centros de detenção de imigrantes no país. O documento, divulgado na última semana, revela que o ex-diretor interino do ICE (Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas) recebeu mais de US$ 5 mil da empresa nos dois anos anteriores à sua nomeação em janeiro. A quantia exata não foi divulgada.

Embora Homan tenha afirmado que se afastaria de qualquer decisão relacionada a contratos futuros do governo com empresas privadas, a revelação gerou críticas de especialistas em ética e de opositores da atual política migratória de Trump. “Esse é um claro exemplo do giro porta-giratória entre o setor público e o privado”, disse Richard Painter, ex-chefe do escritório de ética da Casa Branca no governo George W. Bush.

A GEO Group tem contrato com o governo para operar centros de detenção e outros serviços, como voos de deportação e monitoramento eletrônico de imigrantes em liberdade. Segundo documentos corporativos, sua divisão GEO Care, com a qual Homan trabalhou, representa 25% da receita anual da empresa. A GEO não comentou o caso.

Com a nova política de deportações em massa impulsionada por Trump, a expectativa é que GEO e sua principal concorrente, a CoreCivic, lucrem com a reativação de pelo menos 16 centros de detenção hoje ociosos. Só neste ano, a empresa obteve contratos para reabrir centros em Nova Jersey e Michigan, que devem render cerca de US$ 130 milhões anuais.

Tom Homan, ex-policial e ex-agente da Patrulha de Fronteira, ficou conhecido por ser um dos arquitetos da política de “tolerância zero” na gestão Trump, que resultou na separação de milhares de crianças de seus pais. Após deixar o governo em 2018, atuou como comentarista da Fox News e integrou a Heritage Foundation, além de fundar a empresa Homeland Strategic Consulting. Também participou do grupo Border911, que critica a política migratória do presidente Joe Biden.

A nomeação de Homan como “czar da fronteira” não foi oficialmente confirmada pelo Senado, e ele declarou à imprensa que reportaria diretamente ao presidente Trump. No entanto, o documento de ética o lista como integrante do Departamento de Segurança Interna (DHS).

Segundo Jason Houser, ex-chefe de gabinete do ICE entre 2021 e 2023, há uma longa história de ex-funcionários da agência assumindo cargos em empresas privadas do setor. “Não há lucro na deportação, só na detenção. E é aí que a porta giratória permite que alguns lucrem com o sistema”, afirmou.

Além de Homan, executivos como Matthew Albence, Daniel Bible e Daniel Ragsdale, todos ex-líderes do ICE, hoje ocupam cargos na GEO. O senador Dick Durbin (D-Illinois), que lidera a bancada democrata na Comissão Judiciária do Senado, disse que as conexões entre altos funcionários e empresas que lucram com o sistema de imigração são preocupantes. “As preocupações com corrupção são grandes demais para serem ignoradas”, afirmou.

A GEO Group também foi uma das maiores doadoras para a posse de Trump este ano, com uma contribuição de US$ 500 mil, segundo registros públicos.

 

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