O que era para ser o início de uma nova vida a dois terminou em um drama imigratório sem fim para Ward Sakeik, uma jovem de 22 anos detida ao retornar da lua de mel com o marido. Após nove dias nas Ilhas Virgens Americanas, a palestina nascida na Arábia Saudita foi presa por autoridades de imigração dos Estados Unidos no aeroporto de St.
Publicidade
Publicidade
edição ma
📖 Issuu indisponível no momento. Tente mais tarde!
Lua de mel termina em pesadelo para noiva que segue detida pelo ICE
O que era para ser o início de uma nova vida a dois terminou em um drama imigratório sem fim para Ward Sakeik, uma jovem de 22 anos detida ao retornar da lua de mel com o marido. Após nove dias nas Ilhas Virgens Americanas, a palestina nascida na Arábia Saudita foi presa por autoridades de imigração dos Estados Unidos no aeroporto de St. Thomas, iniciando uma saga de meses em centros de detenção e à beira de uma deportação para um país onde nunca viveu.
Sakeik, que vive nos Estados Unidos desde os 8 anos de idade. Sua família é originária da Faixa de Gaza, mas ela nasceu em território saudita, onde não recebeu cidadania. Entraram nos EUA com visto de turismo e pediram asilo, posteriormente negado. Desde então, viviam sob uma “ordem de supervisão”, que permitia permanência, autorização de trabalho e exigia checagens regulares com o Departamento de Imigração (ICE, sigla em inglês).
Em fevereiro, no retorno da lua de mel, Sakeik foi detida ao tentar embarcar de volta para o território continental dos EUA. A justificativa do Departamento de Segurança Interna (DHS) foi que, ao viajar para as Ilhas Virgens — mesmo sendo um território norte-americano —, ela teria “deixado o país”, acionando o sistema de imigração ao tentar reentrar.
Segundo Taahir Shaikh, marido e cidadão norte-americano, a viagem foi previamente confirmada com autoridades do ICE e representantes da companhia aérea. “Ligamos antes, perguntamos, e disseram que estava tudo certo. No aeroporto, também confirmaram que era possível viajar com a carteira de motorista americana”, afirmou.
Apesar disso, Ward foi algemada no voo de volta para Miami (Flórida) e separada do marido, iniciando um percurso que passou por centros de detenção em Miami e no Texas. Três meses depois, em 12 de junho, as autoridades tentaram deportá-la sem esclarecer seu destino. Um agente do ICE teria informado que ela seria levada à fronteira com Israel — país onde nunca esteve e que não a reconhece como cidadã. Horas depois, ela foi devolvida ao centro de detenção em Alvarado, Texas.
“Ela vive num vácuo jurídico. Dizem que ela já teve seu devido processo quando tinha oito anos de idade. Ela nem se lembra de um tribunal”, lamenta Shaikh. Ele afirma que o ICE não forneceu documentação clara sobre o destino da deportação, nem explicou por que a jovem foi presa, mesmo com documentos válidos.
Segundo o advogado da família, Waled Elsaban, as tentativas de regularizar o status imigratório de Ward foram frustradas ao longo dos anos, incluindo a opção pelo programa DACA. Em fevereiro, Shaikh deu entrada num pedido de green card para a esposa, que segue pendente.
Em nota, o DHS afirma que Sakeik está ilegalmente no país desde que seu visto expirou e que ela teve ordem final de deportação há mais de uma década. “Ela esgotou todos os seus recursos legais”, disse a porta-voz Tricia McLaughlin, acrescentando que o governo Trump está comprometido com a integridade do sistema de vistos.
O caso de Ward Sakeik lança luz sobre a situação de milhares de imigrantes que cresceram nos EUA, mas vivem à margem da legalidade, mesmo tentando regularizar sua situação. “Minha esposa tentou todos os caminhos possíveis”, afirma Shaikh. “Mas o sistema falhou com ela.”
Hoje, sem país que a reconheça, sem direito a fiança e sob risco iminente de deportação, Ward segue detida, enquanto sua família e marido esperam por respostas — e por justiça.
Compartilhar
Publicidade