Conhecida por ser um reduto liberal e acolhedor, a ilha de Martha’s Vineyard enfrenta uma onda de tensão e indignação após uma operação do ICE (Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA) que resultou na prisão de dezenas de imigrantes indocumentados, muitos deles brasileiros.
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Prisão de imigrantes em Martha’s Vineyard acende alerta sobre impacto econômico

Conhecida por ser um reduto liberal e acolhedor, a ilha de Martha’s Vineyard enfrenta uma onda de tensão e indignação após uma operação do ICE (Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA) que resultou na prisão de dezenas de imigrantes indocumentados, muitos deles brasileiros. A ação, parte de uma megaoperação em Massachusetts no fim de maio que levou à detenção de quase 1.500 pessoas, deixou a comunidade abalada e gerou reações de protesto.
Somente nas ilhas de Martha’s Vineyard e Nantucket, 40 imigrantes foram detidos. Com a temporada de verão começando — período crucial para a economia local —, moradores relatam um clima de medo e insegurança. Muitos imigrantes se trancaram em casa e evitam sair, temendo novas batidas.
“Foi intimidação”, disse o morador Charlie Giordano ao Washington Post. “Não sei quem é legal ou ilegal. Não me importa. Mas me importa como estão sendo tratados.”
A ilha, que abriga ex-presidentes como Barack Obama, defensores dos direitos LGBTQ+, minorias raciais, artistas e uma comunidade significativa de imigrantes brasileiros, viu sua imagem de “refúgio seguro” ser abalada. “Isso atingiu um nervo sensível da comunidade”, destacou o Post.
Um empresário brasileiro, que preferiu não se identificar, alertou sobre o impacto econômico da repressão migratória. “O dinheiro vai parar de circular. Os EUA só têm a perder empurrando a gente para fora”, afirmou. Dono de três negócios, ele representa o perfil de muitos imigrantes que construíram raízes na região após chegarem com vistos de turismo ou trabalho.
“Os americanos nos amam porque trabalhamos duro para fazer essa comunidade crescer”, disse outra brasileira, também sob anonimato, que criou três filhos na ilha. “Este lugar era seguro.”
Além de lamentar a forma como a operação foi conduzida, moradores afirmaram que os alvos incluíam membros ativos da comunidade, sem antecedentes criminais. Um pastor brasileiro relatou: “Antes o ICE vinha buscar criminosos, o que é justo. Mas o que fizeram agora não foi isso.”
A operação ocorre em meio a uma intensificação nacional das ações do ICE, que também provocaram protestos violentos em Los Angeles. A situação saiu do controle a ponto de o presidente Donald Trump ordenar o envio da Guarda Nacional e de centenas de fuzileiros navais à cidade.
O ICE rebateu críticas e afirmou que mais da metade dos detidos em Massachusetts possuía ficha criminal. No entanto, ativistas, líderes comunitários e residentes da ilha afirmam que a política migratória tem se tornado indiscriminada e desumana.
O episódio reacende o debate sobre o papel dos imigrantes indocumentados na economia americana — especialmente em regiões dependentes de sua mão de obra — e levanta questões sobre os limites da atuação do governo federal em comunidades que historicamente se colocam como acolhedoras.
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