Donald Trump anunciou que os EUA bombardearam três instalações nucleares no Irã, unindo-se à ofensiva de Israel contra o programa atômico iraniano. O ataque aumenta o risco de um conflito regional, diante das ameaças de retaliação por parte de Teerã.
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Trump afirma que EUA bombardearam três instalações nucleares no Irã em apoio à ofensiva de Israel

O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou neste sábado que as forças armadas americanas atacaram três instalações nucleares iranianas, entrando diretamente na ofensiva militar de Israel para enfraquecer o programa atômico do Irã. A ação representa uma escalada perigosa no conflito, especialmente diante das ameaças de represália por parte de Teerã, que podem desencadear um confronto mais amplo no Oriente Médio.
Segundo Trump, os locais atingidos foram Fordow, Natanz e Isfahan — áreas conhecidas por abrigarem estruturas nucleares fortificadas. O ex-presidente declarou que o ataque foi bem-sucedido e que todos os aviões americanos já haviam deixado o espaço aéreo iraniano com segurança.
A ofensiva ocorre após mais de uma semana de ataques israelenses às defesas e instalações nucleares iranianas. De acordo com autoridades americanas e israelenses, apenas os EUA possuem os bombardeiros B-2 e a bomba especial de 13 toneladas capaz de destruir bunkers subterrâneos, como os usados pelo Irã para proteger seu programa nuclear.
Embora Trump tenha sido eleito com o discurso de afastar os EUA de conflitos externos, essa ação representa um grande risco tanto para o país quanto para sua própria imagem política, já que o envolvimento direto pode ampliar o alcance da guerra.
Atualização urgente – resumo anterior da AP:
As Forças de Defesa de Israel anunciaram neste sábado que estão se preparando para um conflito duradouro. Por sua vez, o ministro das Relações Exteriores do Irã alertou que a participação militar dos EUA seria “extremamente perigosa para todos”.
O risco de uma guerra generalizada aumentou com a ameaça dos rebeldes houthis do Iêmen — apoiados pelo Irã — de retomarem ataques contra embarcações americanas no Mar Vermelho, caso os EUA se unam à ofensiva israelense. Os ataques haviam sido interrompidos em maio após um acordo com os americanos.
Enquanto isso, o embaixador dos EUA em Israel anunciou que foram iniciados voos para retirada assistida de cidadãos americanos, os primeiros desde o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, que deu início à guerra em Gaza.
Na madrugada de sábado, Israel atacou uma instalação de pesquisa nuclear iraniana e afirmou ter eliminado três comandantes importantes do Irã. A ação teria danificado um centro de produção de centrífugas em Isfahan, segundo autoridades locais.
A Agência Internacional de Energia Atômica confirmou o ataque e relatou danos significativos, embora tenha assegurado que não há risco de contaminação fora da área atingida.
O Irã respondeu com novos lançamentos de drones e mísseis contra Israel, mas sem causar grandes estragos. Autoridades israelenses afirmaram ter destruído mais da metade dos lançadores iranianos.
Movimentação aérea dos EUA e possíveis próximos passos
Vários aviões-tanque dos EUA foram detectados em trajetos típicos de apoio a bombardeiros, levantando dúvidas sobre uma possível operação maior. Bombardeiros B-2, únicos capazes de lançar as bombas “destruidoras de bunkers”, estão baseados no Missouri.
Trump disse que ainda está avaliando o envolvimento contínuo dos EUA no conflito e deve tomar uma decisão nas próximas semanas.
Impacto humano da guerra
Desde o início dos bombardeios em 13 de junho, ao menos 722 iranianos morreram, incluindo 285 civis, e mais de 2.500 ficaram feridos, segundo uma ONG de direitos humanos baseada em Washington.
Relatos dramáticos surgem do Irã: uma mulher ferida contou que foi arremessada contra a parede por uma explosão; outro homem foi atingido enquanto fazia entregas. Muitos estão deixando Teerã em busca de segurança, enquanto o acesso à internet segue interrompido em boa parte do país.
Estima-se que o Irã tenha disparado mais de 450 mísseis e 1.000 drones contra Israel, com a maioria sendo interceptada. Ainda assim, 24 pessoas morreram e mais de mil ficaram feridas em território israelense.
Programa nuclear e tensões diplomáticas
O Irã insiste que seu programa nuclear é pacífico, embora enriqueça urânio até 60% — um nível próximo ao necessário para armas nucleares. Israel, que nunca confirmou oficialmente possuir armas nucleares, considera o programa iraniano uma ameaça existencial.
O presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, afirmou que o país jamais abrirá mão do direito à energia nuclear e que está disposto a oferecer garantias sobre a natureza pacífica de suas atividades. Ele conversou com o presidente francês Emmanuel Macron, propondo medidas de confiança.
Desde que Trump retirou os EUA do acordo nuclear de 2015, o Irã tem aumentado o nível de enriquecimento de urânio e restringido o acesso de inspetores às suas instalações.
Mortes de líderes militares iranianos
Israel afirmou ter matado um comandante da Guarda Revolucionária responsável por financiar e armar o Hamas, além do comandante da unidade de transferência de armas da Força Quds, que fornecia armamentos ao Hezbollah e Hamas.
Tensão com a agência nuclear da ONU
Teerã acusou declarações do diretor da AIEA, Rafael Grossi, de incentivarem os ataques israelenses. Um conselheiro do líder supremo Ali Khamenei prometeu que Grossi “pagará” por isso após o fim da guerra.
Grossi havia alertado sobre os riscos de um ataque à usina de Bushehr, o único reator nuclear comercial do Irã, destacando que um impacto direto ali causaria uma grande liberação de radiação.
Israel tem evitado atacar reatores nucleares diretamente, focando em instalações de enriquecimento, oficinas de centrífugas e laboratórios em outras regiões do país.
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