O primeiro vínculo de qualquer criança é com a mãe que a gestou. Desse laço inaugural, o círculo de convivência logo se amplia: chegam avós, tios, primos, amigos da família. E continua a crescer conforme avançamos pelas fases da vida, somando colegas de escola, parceiros de trabalho, vizinhos, mentores.
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Coluna Claudia Corsi: Rodeados, mas por quem?

O primeiro vínculo de qualquer criança é com a mãe que a gestou. Desse laço inaugural, o círculo de convivência logo se amplia: chegam avós, tios, primos, amigos da família. E continua a crescer conforme avançamos pelas fases da vida, somando colegas de escola, parceiros de trabalho, vizinhos, mentores.
O ser humano não nasceu para andar só — basta observar uma criança no parquinho; em poucos minutos, ela já divide brinquedos e risadas com outra. Na adolescência, vivemos a alegria de escolher um melhor amigo. Porém, nem sempre esse laço se mantém na vida adulta, por diferentes motivos.
Nas redes sociais, o número de seguidores passou a ter grande importância, e há quem não meça esforços para aumentar seus indicadores. A decepção aparece quando os “likes” esperados não chegam — e, pior ainda, nem os próprios amigos colaboram com o engajamento. Muitos seguidores, poucos apoiadores: é mais fácil ver um conhecido curtir uma celebridade com milhões de seguidores do que valorizar o trabalho de alguém que está apenas começando.
Por isso, metas sólidas precisam dispensar a aprovação da plateia. Críticas virão como flechas contra quem insiste em vencer, e ter muitas pessoas por perto não garante êxito.
No Antigo Testamento está registrada a história de Amnom filho do rei Davi, que contou um sonho proibido ao amigo Jonadabe — que também era seu primo. Em vez de repreender o desejo impróprio, o amigo deu a ele uma estratégia para possuir a própria irmã. O ato acabou destruindo a vida de toda a família.
Dessa história, podemos aprender que estamos rodeados por dois perfis:
Âncoras — Assim como um navio de carga, projetado para desbravar oceanos e que pode pesar mais de 160 mil toneladas, pode ser parado por uma única âncora, existem pessoas capazes de nos paralisar, mesmo quando carregamos grandes projetos e sonhos.
Velas — Uma embarcação a vela avança conforme o vento sopra. Existem pessoas que agem assim: nos impulsionam mesmo diante das dificuldades, encorajando com palavras como “não desista”, ainda que tudo pareça contrário.
Na vida, precisamos construir uma rede de contatos em várias esferas, mas sem esquecer que o único responsável pelo nosso sucesso ou fracasso somos nós mesmos. As expectativas se frustram quando depositadas nas pessoas, e os objetivos são alcançados quando a disciplina não é negligenciada.
Quero, por fim, dividir um pensamento pessoal: quando alguém está começando um trabalho autônomo, faço questão de apoiar comprando o produto que oferece. Para mim, pode ser apenas uma aquisição, mas para quem está começando, é a realização de um sonho que saiu do papel.
Não devemos apenas estar ao redor das pessoas e ser contados como mais um. Devemos fazer a diferença e ser lembrados como: uma presença que inspira, transforma e permanece.
Em tempos de multidões virtuais e apoios escassos, fica a lição: sejamos para o outro aquilo que gostaríamos que fossem conosco.
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