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Ativistas em Connecticut ensinam imigrantes a se defender de abusos e prisões indevidas da imigração

Em meio a denúncias de detenções ilegais, treinamentos “Conheça Seus Direitos” ganham força e alcançam cada vez mais famílias imigrantes, inclusive dentro de suas casas. Da Redação Diante do aumento de casos de detenções indevidas por parte de agentes federais de imigração, ativistas e advogados em Connecticut têm intensificado os treinamentos voltados à conscientização dos direitos constitucionais da comunidade imigrante — documentada ou não. Os encontros, promovidos em centros comunitários, igrejas e até residências, usam dramatizações e materiais educativos para preparar os participantes a reagir de forma segura a abordagens do Departamento de Imigração (ICE, sigla em inglês). Em New Haven, uma imigrante conhecida apenas como Rojas, que prefere manter o sobrenome em sigilo por segurança, é uma das principais organizadoras dos workshops Know Your Rights (Conheça Seus Direitos). Durante os encontros, os participantes encenam situações reais, como abordagens em casa ou no trabalho, e aprendem como identificar e responder a mandados judiciais legítimos e ordens administrativas — estas últimas não exigem que a porta seja aberta, algo que muitos desconhecem. “Ser imigrante hoje é viver com medo. Mas estou comprometida em plantar essas sementes de conscientização, porque sei que elas vão florescer,” afirmou Rojas, durante uma oficina em abril. O treinamento é dividido em três etapas, apelidadas por ela de “blah, blah, blah”, “cha, cha, cha” e “prática, prática, prática”. Primeiro, os participantes recebem uma aula teórica com apresentação de slides disponíveis em inglês e espanhol. Em seguida, assistem a esquetes teatrais simulando interações com agentes do ICE. Por …


Em meio a denúncias de detenções ilegais, treinamentos “Conheça Seus Direitos” ganham força e alcançam cada vez mais famílias imigrantes, inclusive dentro de suas casas.

Da Redação

Diante do aumento de casos de detenções indevidas por parte de agentes federais de imigração, ativistas e advogados em Connecticut têm intensificado os treinamentos voltados à conscientização dos direitos constitucionais da comunidade imigrante — documentada ou não. Os encontros, promovidos em centros comunitários, igrejas e até residências, usam dramatizações e materiais educativos para preparar os participantes a reagir de forma segura a abordagens do Departamento de Imigração (ICE, sigla em inglês).

Em New Haven, uma imigrante conhecida apenas como Rojas, que prefere manter o sobrenome em sigilo por segurança, é uma das principais organizadoras dos workshops Know Your Rights (Conheça Seus Direitos). Durante os encontros, os participantes encenam situações reais, como abordagens em casa ou no trabalho, e aprendem como identificar e responder a mandados judiciais legítimos e ordens administrativas — estas últimas não exigem que a porta seja aberta, algo que muitos desconhecem.

“Ser imigrante hoje é viver com medo. Mas estou comprometida em plantar essas sementes de conscientização, porque sei que elas vão florescer,” afirmou Rojas, durante uma oficina em abril.

O treinamento é dividido em três etapas, apelidadas por ela de “blah, blah, blah”, “cha, cha, cha” e “prática, prática, prática”. Primeiro, os participantes recebem uma aula teórica com apresentação de slides disponíveis em inglês e espanhol. Em seguida, assistem a esquetes teatrais simulando interações com agentes do ICE. Por fim, treinam em duplas o que aprenderam, alternando os papéis de imigrante e agente.

Para reforçar a proteção legal, os participantes recebem os chamados red cards — cartões com os direitos constitucionais listados em inglês e espanhol, que podem ser entregues aos agentes em caso de abordagem. Segundo Rojas, os cartões devem ser sempre carregados e distribuídos a todos os agentes presentes, guardando-se um para eventual apresentação a um juiz de imigração.

Em Norwich, o advogado de imigração Philip Berns realiza oficinas similares em parceria com o grupo LEAD. Fluente em inglês, espanhol e crioulo haitiano, ele destaca que “conhecer seus direitos é a maior linha de defesa contra deportações injustas”. Berns, que oferece treinamentos desde 2006, recomenda carregar pelo menos seis red cards e, sempre que possível, registrar em vídeo as interações com os agentes — com ajuda de testemunhas, já que celulares são frequentemente apreendidos durante as abordagens.

Formando multiplicadores dentro de casa

Com o objetivo de alcançar imigrantes que evitam sair de casa por medo, Rojas e sua equipe iniciaram neste mês o programa “Train the Trainer” (Treine o Treinador). A proposta é capacitar moradores a oferecer oficinas de forma segura em seus lares, com um clima acolhedor, onde, segundo Rojas, “teremos tomalitos, café e direitos constitucionais”.

A ideia é multiplicar o conhecimento por meio do modelo “cada um ensina um”. “Se 40 pessoas forem treinadas agora, e cada uma delas trouxer uma outra para a próxima rodada, chegaremos a 80. Isso faz toda a diferença”, enfatiza.

Direitos que atravessam muros

Tanto Rojas quanto Berns reforçam que esses treinamentos não são apenas para os indocumentados, mas para toda a comunidade. Familiares, amigos e vizinhos podem fazer a diferença ao saber como agir durante uma batida migratória.

“Se você sabe que não precisa abrir a porta, já está protegendo não só a si mesmo, mas todos dentro da casa”, afirmou Berns. “Inclusive aqueles que os agentes nem estavam procurando, mas que acabam sendo levados apenas para inflar estatísticas.”

Nas palavras de Rojas, em um lema que se tornou símbolo do movimento: “Feche a porta para o ICE. Abra a porta para sua comunidade.”

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