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Tatuagens podem levar imigrantes à cadeia nos EUA — entenda os riscos

Tatuagens que representam homenagens familiares, paixões esportivas ou símbolos culturais estão sendo usadas como justificativa para prender e deportar imigrantes nos Estados Unidos. Sob a nova diretriz do governo Trump, até mesmo imagens comuns, como coroas, estrelas, rosas e o número 23, estão na mira das autoridades imigratórias.

Tatuagens que representam homenagens familiares, paixões esportivas ou símbolos culturais estão sendo usadas como justificativa para prender e deportar imigrantes nos Estados Unidos. Sob a nova diretriz do governo Trump, até mesmo imagens comuns, como coroas, estrelas, rosas e o número 23, estão na mira das autoridades imigratórias.

Com base em leis antigas — algumas delas datadas da Segunda Guerra Mundial — a administração Trump vem endurecendo as medidas contra imigrantes indocumentados, recorrendo a interpretações subjetivas e controversas para justificar detenções. Uma das normas evocadas foi a mesma usada no passado para internar milhares de japoneses e descendentes em campos de concentração após o ataque a Pearl Harbor.

Segundo investigações recentes, o ICE (Serviço de Imigração e Alfândega) desenvolveu um sistema de pontuação interna, onde elementos visuais como tatuagens, vestimentas e postagens nas redes sociais podem somar pontos contra um imigrante. Ao atingir 8 pontos, ele pode ser deportado — mesmo sem histórico criminal ou acusação formal.

Entre os símbolos considerados suspeitos estão:

Coroas (comuns em tatuagens religiosas ou em referência ao clube Real Madrid)

Estrelas nos ombros

Relógios tatuados

Rosas e imagens florais

Símbolos dos Illuminati

Logo Jumpman da Nike (associado a Michael Jordan)

Número 23 em camisetas ou tatuagens

O uso desses critérios já está afetando a vida de dezenas de imigrantes. Andry Hernández, um jovem venezuelano com tatuagens de coroas dedicadas aos pais, foi detido e enviado para uma prisão de segurança máxima em El Salvador, sob a acusação de ligação com o “Bonde de Arágua” — uma facção criminosa da Venezuela. No entanto, sua cidade natal, Capacho Nuevo, celebra o Dia dos Reis com símbolos de coroa, o que pode explicar a tatuagem.

Outro caso é o de Jerce Reyes Barrios, ex-jogador de futebol e fã do Real Madrid. Ele também foi deportado após as autoridades associarem sua tatuagem de coroa ao crime organizado.

Especialistas denunciam a arbitrariedade das ações. A jornalista Ronna Rísquez, autora de um livro sobre o Bonde de Arágua, afirma que, ao contrário de facções como o MS-13, os grupos criminosos venezuelanos não utilizam tatuagens para identificar membros. Segundo ela, essas associações feitas pelas autoridades americanas carecem de fundamentos reais.

Além disso, o governo Trump alega que os EUA estão sofrendo uma “invasão” de criminosos venezuelanos — uma retórica amplamente contestada por juristas e defensores dos direitos humanos. Organizações que acompanham casos de deportações denunciam o uso político e racista dessas alegações para acelerar a remoção de imigrantes sem garantias legais mínimas.

Apesar da legislação prever direito à audiência judicial mesmo para imigrantes indocumentados, muitos estão sendo removidos de forma sumária, especialmente se rotulados com base em tatuagens ou vestimentas. Ativistas alertam para a escalada de prisões e reforçam a importância de os imigrantes conhecerem seus direitos e evitarem qualquer exposição que possa ser mal interpretada pelas autoridades.

Se você ou alguém que você conhece estiver enfrentando uma situação semelhante, procure imediatamente orientação jurídica especializada. Organizações como a ACLU, o Legal Aid Society e a RAICES oferecem apoio gratuito ou de baixo custo para imigrantes em situação de risco.

Nos EUA de Trump, até uma tatuagem pode ser usada como sentença.

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